Depois da partida de Quidditch (que Ron, Fred e George ganharam apenas por dez pontos), Charlie e Percy chegaram. Charlie era, como o resto da família, ruivo e bem constituído e trabalhava com dragões na Roménia. Percy, que trabalhava no Ministério, pareceu a Lenny ser o mais sério dos Weasleys. Depois, quando Arthur, Molly e a avó de Lenny estavam a pôr a mesa para a ceia de Natal, chegaram Bill e Fleur, a sua esposa. Bill trabalhava no banco Gringotts, e Lenny notou que era o completo oposto do irmão Percy: descontraído e relaxado, mas tinha profundas marcas de um lobisomem (mais propriamente Fenrir Greyback) na bochecha direita aquando da batalha de Hogwarts. Fleur era muito bela, mas um pouco arrogante e tinha uma pronúncia francesa muito acentuada. Era metade Veela e frequentara Beauxbatons, em França.
Às oito da noite, Molly chamou-os a todos para a ceia e Lenny reparou que ela aumentara a mesa para que coubessem mais lugares através de um Feitiço de Extensão. A mesa estava muito bonita: em cima da toalha vermelha havia pratos dourados, guardanapos dourados e vermelhos, uma mini árvore de Natal com bolas vermelhas, um candelabro com flores, etc.
Lenny agarrou no penúltimo presente e viu que era da avó. Era um vale de Gringotts, o banco dos feiticeiros, de vinte galeões, disponíveis para gastar ou na Diagon-Al ou em Hogsmeade, juntamente com um álbum personalizado e com várias fotos de Lenny, dos pais e da avó em várias ocasiões: no Natal, na Páscoa, nas férias de Verão... a avó de Lenny colara autocolantes que brilhavam, luzes que piscavam de vez em quando e Lenny reparou que a partir da página do meio do álbum até ao fim, as folhas estavam em branco. A tinta prateada, a avó escrevera: A preencher com fotografias dos momentos futuros. A rapariga percebeu que aquilo era um incentivo e uma tentativa de dizer a Lenny que os pais estavam vivos, mas mal sabia a avó que agora Lenny tinha a certeza disso.
Às oito da noite, Molly chamou-os a todos para a ceia e Lenny reparou que ela aumentara a mesa para que coubessem mais lugares através de um Feitiço de Extensão. A mesa estava muito bonita: em cima da toalha vermelha havia pratos dourados, guardanapos dourados e vermelhos, uma mini árvore de Natal com bolas vermelhas, um candelabro com flores, etc.

Lenny sentou-se entre a avó e Harry e Molly fez um movimento com a varinha e os guardanapos voaram até aos colos de cada um, desdobrando-se e uma quantidade razoável de caldo verde apareceu no prato de sopa de cada pessoa.
A ceia passou-se animadamente: os adultos conversavam entre si e os mais novos faziam o mesmo. Lenny iria adorar que Molly expandisse a mesa mais um pouco para que coubessem mais dois lugares, mas tentou não pensar nos pais. Era o primeiro Natal que passava sem eles, mas era também o primeiro que passava com os seus novos amigos. Harry contou a Lenny sobre Remus Lupin e Nymphadora Tonks, um lobisomem e uma metamormaga que se apaixonaram, apesar das diferenças de idade e raça. Lupin fora amigo de Sirius (padrinho de Harry que falecera no seu quinto ano) e do seu pai nos tempos da escola e depois, e Tonks pertencera os Hufflepuff e tinha sido uma Auror. Tiveram um filho que nasceu a Abril de 1998, de nome Edward Remus "Teddy" Lupin, cujo padrinho era Harry, e que agora era criado pela sua avó materna, Andromeda Tonks. Ted Lupin, como era mais conhecido, estava agora a passar o Natal com a avó. Era uma história emocionante e que, infelizmente, acabara de forma trágica, com um filho órfão por causa da guerra.
Depois da sopa de caldo verde, Molly fez aparecer na mesa dois grandes perus, um frango, uma travessa de batatas, puré, sumo de abóbora, etc. No fim, dezenas de sobremesas encheram-lhes a vista: pudins de chocolate, rabanadas, biscoitos de gengibre, bolinhos de abóbora, bolos, etc.
-Mãe - chamou Ron, inocentemente, servindo-se de uma fatia de bolo de laranja - já que a Hermione se vai embora depois do jantar, porque não abrimos já os presentes? Assim damos-lhe já os dela, não é?
-Isso era o que tu querias - sorriu Molly - damos os presentes à Hermione, mas os restantes abrem-nos amanhã de manhã.
Ron descaiu os ombros, desanimado. Quando finalmente se levantaram da mesa e a loiça começou a lavar-se, a secar e a arrumar-se nos respetivos armários sozinha, Arthur saiu da sala e foi buscar um saco castanho. Os outros foram para a sala de estar, que parecia agora minúscula com tanta gente.
-Lenny, também pusemos o presente que enviaste à Hermione aqui - declarou Arthur, pousando o saco no chão. Ron foi o primeiro a precipitar-se sobre ele, esperançoso, mas constatou com desagrado que ali só estavam os presentes para Hermione.
-Molly, se não se importar - pediu a rapariga timidamente - eu gostaria que abrissem já hoje os meus presentes, para ver se gostam.
-Oh, claro, está bem - disse Molly, um tanto atarantada.
A troca de presentes foi bastante animada: Hermione adorou o colar com um H e o livro sobre os mais notáveis feiticeiros e feiticeiras do século XX que Lenny lhe ofereceu. Hermione, por sua vez, deu-lhe um kit de material escolar que incluía penas, folhas de pergaminho de várias cores, a Tinta Muda-de-Cor (cuja tinta, como o nome indica, mudava mesmo de cor conforme o estado de espírito e a vontade do utilizador), alguns tinteiros e um caderno com folhas de pergaminho para ela apontar o que quisesse.
-Obrigada - agradeceu Lenny, contente.
-De nada. Obrigada também - sorriu Hermione.
-Bom, Hermione, não te importas que utilizemos a Materialização, pois não? - perguntou Arthur, quando a troca de presentes acabou - é mais rápido.
-Claro que não - concordou Hermione.
-Queres que eu a leve? - ofereceu-se Fred, mas Ron lançou-lhe um olhar furibundo.
-Só estava a ser simpático - defendeu Fred.
-Não é preciso, o Arthur vai comigo - afirmou Hermione, pegando no seu saco de presentes e nas malas e agarrando-se ao braço esquerdo de Arthur. De imediato desapareceram e passado algum tempo Arthur reapareceu.
-Pronto, a Hermione está entregue - depois olhou em volta. Lenny e Harry ensinavam Ron, Ginny e Fleur a jogar às cartas dos Muggles, Charlie, Bill e Percy falavam sobre coisas do Ministério, Fred e George conversavam num canto sobre partidas e Molly e Christine conversavam animadamente sobre receitas culinárias - ah, sabe tão bem ter-vos todos aqui.
Arthur sorriu e juntou-se a Charlie, Bill e Percy e Lenny, apesar da ausência dos pais, sentiu-se em casa.
*
No dia seguinte Lenny acordou com a luz solar a bater-lhe nas pestanas. Entreabriu os olhos e viu Ginny, de pijama, a correr as persianas, enquanto observava os presentes que tinha ao fundo da cama. Lenny olhou para o fundo da sua própria cama e viu que também ela lá tinha presentes. Lenny costumava abrir os presentes debaixo da árvore de Natal em casa da avó, mas aquele método também era excelente.
-Bom dia - saudou Ginny, numa voz cantante.
-Olá - cumprimentou Lenny.
-Já abri os presentes que me ofereceste - disse Ginny - adorei o colar e o livro, obrigada.
-De nada - afirmou Lenny, saindo em direção à casa-de-banho para se arranjar e em seguida regressou ao quarto. Quando chegou, Harry e Ron estavam sentados em cima da cama de Ginny e esta arrancava o que parecia ser o último embrulho que possuía.
-Obrigado pelo kit de Manutenção de Vassouras - disse Ron de imediato - adorei.
-De nada - sorriu Lenny.
-E há que tempos que queria o livro do Quidditch Através dos Tempos, obrigado, Lenny - agradeceu Harry. Depois, a porta abriu-se de rompante e entraram Fred e George.
-Hum, Lenny, deves ser provavelmente a única pessoa nesta casa que ainda não abriu as prendas - observou Fred, gozão.
-Bom, elas não vão fugir, pois não? - indagou Lenny, pegando no primeiro embrulho.
-Não sei não - riu George, piscando o olho ao irmão gémeo. Lenny franziu o sobrolho, meio desconfiada.
-De qualquer maneira - interrompeu Fred - adorámos os teus presentes. Aquele guia é precioso!
-E já começámos a planear o que fazer com a Mistura Pegajo... - começou George, mas Fred deu-lhe uma cotovelada e o primeiro calou-se. Lenny sorriu e rasgou o embrulho prateado que tinha nas mãos. Tinha um cartão que dizia "Feliz Natal, beijinhos, Daphne". Dentro do embrulho vinham dois saquinhos verdes-escuros. Um deles continha um colar de mocho com grandes olhos azuis-turquesa e pedras preciosas. O outro, uma bracelete dourada com brilhantes em forma de serpente para usar no pulso/mão.
Lenny experimentou o colar e a bracelete, enquanto Fred comentava:
-Aposto que foi o teu namoradinho Slytherin que te mandou essa serpente.
Lenny sorriu sarcasticamente.
-Por acaso, até nem foi. Foi a Daphne Greengrass.
-Abre agora o meu - pediu Ginny, tirando um embrulho redondo e desengonçado do monte de presentes. Lenny abriu-o e viu uma bola de cristal incrustada num monte de estrelas e luas - isso é muito útil, sabes? Fazes-lhe uma pergunta e a bola responde-te.
-A sério? - estranhou Ron.
-Sim. Houve um aluno do sétimo ano que tentou levar uma destas para o EFBE de História da Magia, mas foi apanhado e o seu exame foi anulado - informou-os Ginny.
-Oh, mas isso dava-me jeito era a mim! - replicou Ron.
-Não sejas parvo - ripostou Ginny - eu sei que a Lenny lhe vai dar outro uso que não servir-se dele para obter respostas de testes.
Lenny pegou cuidadosamente na bola de cristal e perguntou: "O Draco sente a minha falta?"

Lenny reparou nos reflexos dos gémeos que se viam da bola de cristal: George tossicava energicamente enquanto Fred revirara os olhos, divertido. Imediatamente, letras brancas submergiram e apareceram na face da bola: "Como se tu não soubesses a resposta. Oh, podes crer que sim". Lenny sorriu.
-Quantas respostas é que isto pode dar?
-Tem uma variedade enorme de respostas, mas nunca mente, garanto-te. É um Legilimens, como o Chapéu Selecionador - explicou Ginny e Lenny agradeceu-lhe o presente. A rapariga pegou noutro embrulho com aspeto de ser um livro e rasgou-o: era de facto, um livro, intitulado Guia Avançado de Oclumância, por Maxwell Barnett. Trazia um cartão a desejar boas festas de Ron.
-Obrigada, Ron, isto vai ser-me muito útil! - exclamou Lenny.
-De nada - retribuiu Ron. O próximo presente foi de Harry e era um livro intitulado Mitologia no Mundo.
-Como é que sabias que eu gostava de Mitologia? - questionou Lenny, lendo o resumo na contracapa do livro.
-Bom, na verdade, pedi à Ginny para utilizar a bola de cristal - respondeu Harry.
-Obrigada!
-Não tens de agradecer - assegurou Harry. Lenny abriu um saco que continha um suéter de lã verde-escuro com a letra "L" gravada a prateado.
-Esse é da nossa mãe - afirmou Ginny - ela faz sempre para nós e este ano, resolveu fazer um para ti também.
Dentro do saco, além do suéter, vinha também uma caixa de bombons de chocolate. Faltavam três presentes: um embrulho tosco com uma forma esquisita chamou-lhe a atenção. Parecia uma abóbada em miniatura.
-Oh! - exclamou ela, arregalando os olhos de espanto. Aquilo que tinha na sua frente era nem mais nem menos que uma gaiola rosa com uma mini bola de pelo rosa-lilás lá dentro, que ronronava suavemente.
-Isso - disse Fred - é um Pigmeu Penugento, uma miniatura dos Puffskeins.
-É tão fofo, onde o arranjaram? - interrogou Lenny.
-O segredo é a alma do negócio - confidenciou George em tom misterioso e em seguida apontou para o chão, perto da cama de Ginny - também oferecemos um à Ginny, ela chamou-lhe Arnold.
Lenny olhou para o sítio que George apontava e viu uma gaiola lilás com um Pigmeu Penugento roxo, desperto e aos círculos.
-Como vais chamar ao teu? - interpelou Ginny. Lenny colocou um dedo por entre as grades da gaiola e fez cócegas ao pigmeu. Este mexeu-se, acordou, soltou um gritinho estridente e recuou, assustado, enquanto as suas minúsculas bochechas coravam, ficando de um tom vermelho-tomate.
-Acho que lhe vou chamar Shy - indagou Lenny, aproximando mais o dedo do bichinho. Este aproximou-se timidamente e enroscou-se no seu dedo, manifestando afeto pela sua mais recente dona. Lenny olhou para os gémeos - eles não são ilegais, pois não? É que nunca tinha visto nenhum...
-Não! - exclamaram eles em uníssono - senão a mãe nunca nos deixaria dar-vos...
Lenny abriu a porta da gaiola e Shy instalou-se confortavelmente nas suas mãos. Depois, Ginny pediu-lhe para lhe pegar e o pigmeu foi sentar-se ao seu ombro.
| Shy na gaiola |
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| Shy na gaiola |
| Shy no ombro de Ginny |
Lenny sentiu os olhos molhados ao percorrer as fotografias. Decidiu vê-las mais tarde, quando estivesse sozinha ou pelo menos na companhia da avó. Por fim, pegou no último presente e a não ser que Draco não lhe tivesse enviado nada, aquele tinha de ser dele. Era um espelho redondo, com rebordo preto-acastanhado. Vinha com um cartão que dizia "Querida Lenny, consegui escrever-te sem que o meu pai visse e queria desejar-te um feliz Natal. Tenho saudades tuas. Amo-te, Draco. P.S. Vira o cartão ao contrário para instruções de como usar o espelho."
Lenny virou o cartão e leu "Este é o Espelho de Duas Faces. Eu tenho um igual. Uma das faces do espelho funciona como um espelho normal: reflete a tua imagem, mas a outra face permite-te que fales comigo. Basta dizeres o meu nome e vais aparecer no meu espelho e eu aparecerei no teu. Assim, podemos comunicar mais facilmente um com o outro. Espero que gostes. Draco."
Lenny sorriu. Parecia que ela e Draco haviam tido a mesma ideia, embora Lenny tivesse comprado os Diários-Logo e não o Espelho de Duas Faces. Eram mesmo almas-gêmeas.
-Então, vais experimentá-lo? - perguntou-lhe Harry.
-Sim, quando estiver sozinha - respondeu Lenny.
-Claro, mas não beijes o espelho demasiado- riu Fred e Lenny lançou-lhe uma almofada à cabeça com força, acertando-lhe em cheio.




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