As pessoas reagiram de diferentes maneiras relativamente ao namoro de Lenny e Draco, quando os boatos se espalharam pelo Salão Nobre como foguetes, devido a Lenny e Draco terem aparecido juntos e de mãos dadas ao banquete do pequeno-almoço no dia seguinte. Alguns, comentavam enternecidos a história deles, o facto das suas famílias não se suportarem, tal e qual no Romeo e Julieta. Outros, mais escarninhos, diziam que aquilo não ia acabar bem. Outros não conseguiam simplesmente acreditar naquilo. Quer dizer, Draco Malfoy a gostar de alguém? Deviam estar a brincar! Desse grupo faziam parte Harry, Ron, Hermione e Neville. Ginny era a favor do namoro, tal como Luna, e Fred e George eram daqueles que, como com tudo, decidiram começar a brincar e a gozar. Pansy limitou-se a deitar um olhar angustiado a Draco, que pedira a Daphne para trocar com ele, a fim de se sentar ao lado de Lenny e a fulminar Lenny com o olhar quando Draco não estava a ver.
Mas Lenny estava alheia a tudo isso: pensava ainda na noite anterior, que parecia tão surreal e inesperada que era difícil de acreditar no que se passara. Mas o calor de Draco a seu lado lembrava a Lenny que tudo fora real.
Lenny e Draco ficaram até depois da uma da manhã a conversar, a namoriscar e a trocar beijos apaixonados aninhados no sofá da sala comum dos Slytherin. Depois, despediram-se e seguiu cada um para o seu dormitório e Lenny dormiu que nem um bebé. E se ela tivesse seguido o conselho de Daphne e se tivesse ido deitar antes? Provavelmente o dedo mindinho de Draco não estaria agora, propositadamente, a tocar no de Lenny em cima da mesa do pequeno-almoço.
-Fico contente por vocês – insinuou Daphne – e desculpem ter-vos interrompido ontem…
-Daphne, não faz mal - sorriu Lenny, servindo-se de um croissant que tinha curiosamente a forma de um coração.
*
-Seus safados! – exclamou Fred quando Lenny se dirigia à biblioteca, pois Binns, o professor-fantasma de História da Magia, os avisara que a próxima aula decorreria lá e não na sala de aula. Os gémeos andavam agora constantemente de volta dela. Tentaram também gozar com Draco, mas ele ignorara-os por completo – ouvi dizer que estiveram enroscados um no outro até altas horas da noite, esta noite.
Lenny corou e arregalou os olhos.
-Sim, vocês têm de ir com calma, só têm quinze anos – acrescentou George.
-Fred, George! – exclamou Lenny – parem com isso! Vocês não têm o direito de falar assim da minha vida!
-Ui, Fred, tocámos num ponto fraco! – uivou George.
-Vocês querem parar? – Lenny virou-se e pôs-se à frente deles. Apesar de ser muito mais baixa que eles, o seu aspeto indisciplinado e o olhar feroz que lhes lançou fê-los calarem-se – daqui a bocado está o corredor inteiro a ouvir-vos!
-Pronto, desculpa! – disseram ambos e saíram rapidamente dali, mas sorriam, divertidos.
Lenny entrou na biblioteca ofegante. Sentou-se numa das mesas de madeira na zona de estudo com Draco e Daphne, enquanto o fantasma de Binns por ali vagueava.
-Muito bem – disse ele numa voz arrastada e gélida – hoje quero que escrevam um pergaminho com vinte centímetros sobre o que pensam das guerras dos Gigantes. Têm esta aula toda para o escrever e basta entregarem-mo na próxima aula. Trouxe-vos à biblioteca pois podem pesquisar nos livros. Alguma dúvida, eu vou estar lá mais à frente, preciso de consultar alguns documentos.
Dito isto, Binns afastou-se a flutuar pelo ar e uma onda de reclamações fez-se ouvir, tendo sido de imediato calada por um “Chiu” de Madam Pince, a bibliotecária.
-Que seca – sussurrou Draco – estava mesmo a apetecer-me pedir à Granger para me fazer isto. Olhem para ela, já escreveu cinco linhas.
-Ela nunca te faria isso. Então a ti – riu Lenny – mas isto é mesmo uma seca.
Um papel em forma de avião pairou no ar acima da cabeça de Lenny e depois caiu à sua frente na mesa. Draco ergueu uma sobrancelha enquanto Lenny desdobrava o papel. Era de Harry e dizia apenas “Precisamos de falar”.
-Lá está o Potter – resmungou Draco – sempre demasiado bondoso e sempre demasiado desconfiado a meu respeito.
-Isto pode não ter nada a ver contigo – comentou Lenny.
-Pois, pois, por isso é que ele me está sempre a olhar fixamente.
Lenny levantou-se da cadeira.
-Onde vais? – perguntou Draco.
-Falar com ele – declarou Lenny, como se fosse óbvio. Draco ia responder, mas Daphne espetou-lhe um pontapé nas canelas e lançou-lhe um olhar de aviso. Lenny afastou-se em direção à mesa de Harry, que se sentava junto de Ron e Hermione. Ron olhava espantado para Hermione, com a pena suspensa no ar, enquanto a rapariga tinha a língua de fora e escrevia freneticamente. Já ia em mais de dez linhas – olá. Querias falar comigo, Harry?
-Sim. Se o teu namoradinho não ficasse demasiado irritado, pedir-te-ia que te sentasses.
Lenny ignorou aquele comentário e puxou a cadeira para trás.
-Diz.
-Tens a certeza do que estás a fazer? – Harry sacudiu o cabelo preto e desalinhado dos olhos com um movimento de cabeça.
-Como assim?
-Tens a certeza de que ele gosta de ti?
Lenny revirou os olhos e suspirou.
-Harry, não vais começar com os teus sermões, pois não?
-Só quero ter a certeza! Não quero que ele te magoe…
-Bom, ele gosta mesmo de mim, não te preocupes. Eu agradeço-te imenso, a sério, mas… se é tudo…
-Tens de desculpar o Harry – intercedeu Ron – é só que é difícil acreditar que ele possa estar… apaixonado.
-Desta vez tenho de concordar com a Lenny – Hermione levantou por fim a cabeça do pergaminho e rodou o ombro direito, que já lhe doía – é fácil de ver que ele a adora quando olha para ela. De facto, falei com a Ginny e agora percebo que isso já era visível antes de eles começarem a namorar.
-Mas vocês são raparigas, vêem paixão em todo o lado – atalhou Ron.
-Não sejas parvo – rezingou Hermione – só um cego é que não vê.
-Pronto, ok. Só quero que saibas que nos preocupamos contigo, Lenny - esclareceu Harry - e estamos aqui para o que for preciso.
-Obrigada, Harry. Eu sei – sorriu Lenny e depois acrescentou, com os olhos brilhantes – e então, se estão aqui para o que é preciso… não poderiam ajudar-me neste trabalho?
*
A aula seguinte era de Defesa contra as Artes das Trevas. Nenhum dos três se resignara a ajudar Lenny com o trabalho e esta voltara para junto de Draco, mas conseguira apenas escrever cinco linhas quando a aula terminara já que a presença de Draco tão perto de si era o bastante para a desconcentrar.
-Finalmente algo divertido - comentou Draco quando entraram na sala. O resto da turma estava amontoado à porta, olhando curiosos para o que se encontrava dentro da sala. As mesas tinham sido colocadas junto às paredes e no meio da sala encontrava-se apenas um guarda-roupa castanho de madeira, com espelhos.
-Finalmente algo divertido - comentou Draco quando entraram na sala. O resto da turma estava amontoado à porta, olhando curiosos para o que se encontrava dentro da sala. As mesas tinham sido colocadas junto às paredes e no meio da sala encontrava-se apenas um guarda-roupa castanho de madeira, com espelhos.

-Fazem favor de desimpedir o caminho - disse a voz rouca de Braxton, entrando na sala com o seu manto preto a arrastar-se atrás dele pelo chão. Posicionou-se junto do enigmático armário - hoje vamos fazer uma aula prática. Alguém me sabe dizer o que será que está escondido dentro deste armário?
Hermione levantou de imediato a mão, mas Pansy também. E como Slytherin que era, Braxton deu a palavra a Pansy.
-Um Sem Forma, professor? - disse ela de imediato.
-Muito bem - sorriu o professor - cinco pontos para os Slytherin.
O rosto de Pansy encheu-se de orgulho e satisfação.
-E alguém sabe para que serve e como o combater?
Braxton procurou alguém nos Slytherin que levantasse a mão, mas apenas Hermione parecia saber a resposta. Resignado, Braxton pediu-lhe para falar.
-Um Sem Forma mostra os nossos maiores medos. E o feitiço que o combate é o Riddikulus, que faz com que esse medo se transforme nalgo parodiado. Por exemplo, se alguém tem medo de cobras, é possível que através do Riddikulus consiga pôr a cobra a dançar, ou assim.
-Se há alguém que aqui não tem medo de cobras somos nós - disse Pansy.
-Bom, mas a miss Granger está correta - a cara do professor mostrava claro desânimo - por isso, cinco pontos para os Gryffindor. Agora, quero que pratiquem um pouco o Riddikulus sem as vossas varinhas. Pronunciem da maneira correta.
Depois de algum tempo, de sucessos e insucessos, a treinar o feitiço, Braxton bateu palmas.
-Muito bem, quem quer ser o primeiro a experimentar o Sem Forma?
Levantaram-se alguns braços mas Braxton arreganhou os dentes:
-Weasley!
Ron pôs-se diante do armário e uma aranha gigante e peluda saiu de lá de dentro. Depois Ron pronunciou o feitiço, abanou a sua varinha e apareceram várias sapatilhas nas patas da aranha, enquanto esta começava a dançar.

Seguiram-se vários outros alunos e os medos eram variados: a infelicidade e o medo de perder um ente querido era os mais comuns. Lenny percebeu que Braxton evitava chamar Harry ou Draco, talvez porque eram os dois que mais ligações a Voldemort tinham.
-Para acabar, miss Gant.
Lenny engoliu em seco: não tinha pensado no que o Sem Forma reproduziria no seu caso. Tinha a certeza que teria a ver ou com Draco ou com a família mas... Lenny não queria que os outros soubessem disso.
-Tem mesmo de ser, professor?
-Bom. Sim - disse Braxton.
Lenny suspirou e tentou pensar em algo divertido, mas parecia que o seu cérebro bloqueara. De repente, uma luz forte, verde e aterradora engoliu a sala. Era a luz de Avada Kedavra. Lenny preparou-se para pronunciar Riddikulus quando os viu: os rostos nítidos dos seus pais e avó, imóveis e impassíveis e em seguida o de Draco, frio e também imóvel. A pouco e pouco, os quatro foram engolidos pela luz, que desapareceu. Lenny caiu de joelhos com estrondo no chão da sala.
-Que aconteceu? - murmuram várias vozes. Draco precipitou-se para ajudar Lenny e Harry perguntou-lhe se estava bem.
-É disso que tens medo? - perguntou Pansy - de uma luz verde?
Uma luz verde... espera lá! Eles não tinham visto o rosto dos pais e da avó dela nem de Draco? Não tinham percebido que era a luz da morte? Pansy não fora ao Sem Forma e por isso Lenny não sabia qual o seu maior medo, logo não podia ripostar nem gozar com ela. Mas isso pouco importava.
-Deve ter acontecido alguma coisa no armário - replicou Braxton - algo não está a funcionar bem.
Lenny sabia que Braxton estava a mentir. Talvez ele tivesse sido o único a compreender que luz era aquela, mas, por uma razão desconhecida, só ela conseguira ver o rosto dos pais, da avó e de Draco. Mas porquê?
Por fim, o professor deu a aula por terminada. Lenny apressou-se a sair dali. Precisava de clarear as ideias. No entanto, Draco e Harry seguiram-na até ao pátio.
-Aquela luz... era da Avada Kedavra, não era? - questionou Harry baixinho. Lenny assentiu com a cabeça, olhando para o seu reflexo na fonte. Tinha as faces mais rosadas do que o habitual e estava sem fôlego. Inspirou e expirou várias vezes, tentando controlar a respiração.
-Porque só viste a luz? - perguntou Draco. Lenny engoliu em seco.
-Não sei - mentiu - talvez o Sem Forma esteja mesmo avariado. Calhou-me o azar de ser a última.
E dito isto, deu-lhes a desculpa que tinha que passar pelo dormitório para ir buscar uns livros e desapareceu.
-Aquela luz... era da Avada Kedavra, não era? - questionou Harry baixinho. Lenny assentiu com a cabeça, olhando para o seu reflexo na fonte. Tinha as faces mais rosadas do que o habitual e estava sem fôlego. Inspirou e expirou várias vezes, tentando controlar a respiração.
-Porque só viste a luz? - perguntou Draco. Lenny engoliu em seco.
-Não sei - mentiu - talvez o Sem Forma esteja mesmo avariado. Calhou-me o azar de ser a última.
E dito isto, deu-lhes a desculpa que tinha que passar pelo dormitório para ir buscar uns livros e desapareceu.
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