Os professores tiveram de incluir praticamente todos os restantes professores
e funcionários na viagem, pois como esta não era paga, praticamente toda a
gente aderiu e não valia a pena deixar a escola aberta. Os poucos alunos que não iam seriam enviados para casa durante aquele fim-de-semana. Apesar de só terem tido
uma semana para se prepararem, os professores já tinham tudo organizado há
algum tempo, com reservas em cabanas de praia que albergariam dez pessoas cada
uma. Como havia cerca de 280 alunos em Hogwarts, isso fazia 28 cabanas de
praia, mais as dos professores.
No dia anterior à partida, quinta-feira, andava toda a gente muito
atarefada, a preparar as malas, a alimentar as corujas (Argus Filch, o
vigilante, seria encarregue de cuidar do Celeiro das Corujas e de ir a Hogwarts
durante o fim-de-semana), etc. Lenny decidiu deixar Hedz com a avó e com os pais, mandando-a
para casa, bem como a Shy. Lenny preparou uma mala com alguns biquínis e roupa mais fresca, como calções e t-shirts, além de incluir a sua bússola, o Diário-Logo e o Espelho de Duas Faces.
Alguns pais tinham ido a Hogwarts assegurar que a viagem teria as condições
necessárias de conforto e segurança para os seus filhos, e Minerva McGonagall
escrevera a todas as famílias uma carta detalhada do roteiro, das regras e de tudo aquilo
que iria ser preciso e iria acontecer durante a viagem.
Por fim, chegou o dia da partida. Os alunos, professores e funcionários,
vestidos com roupa mais ou menos normal, dirigiram-se ao aeroporto mais perto.
Muitos iam nervosos pois desconheciam todo aquele mundo de tecnologia. No seu
grupo, Lenny, sendo a única Slytherin que contactara com a vida dos Muggles,
fazia por acalmá-los, explicando-lhes aquilo que sabia.
-Aquilo é um detetor de metais, que deteta todo o tipo de aparelhos
metálicos, desde telemóveis a armas…
Mas os outros não sabiam o que eram telemóveis ou armas e Lenny acabou por
desistir, afirmando apenas que tudo aquilo era seguro e que não tinham de se preocupar.
O sol ainda não nascera quando por fim, depois de passarem todo o check-in,
recolha de bagagens e detetores de metais (os adultos viram-se um pouco
atarantados com tudo aquilo mas os alunos filhos de Muggles ajudaram-nos)
embarcaram nos aviões. Estes seriam três, que os levariam até às Caraíbas. Os alunos
até ao terceiro ano ficariam num, os alunos do quarto e do quinto noutro e os
alunos do sexto e do sétimo num outro. Os professores iam distribuídos
proporcionalmente pelos aviões, com mais professores no avião dos mais novos e menos nos
dos mais velhos. Lenny sentou-se com Draco, e ele concedeu-lhe o lugar da
janela. No seu avião iam também Harry e todos os outros amigos Gryffindor de
Lenny, bem como Luna e os Slytherin.
-Tens a certeza que isto não vai cair? – perguntou ele, enquanto punha o
cinto de segurança.
-Não posso ter 100% a certeza – disse Lenny e Draco olhou-a, preocupado –
mas calma, é muito improvável que isso aconteça, Draco! Apenas aproveita a viagem.
A voz de uma hospedeira fez-se soar pelos altifalantes, pedindo a todos que
ficassem calmos, desligassem os aparelhos eletrónicos, pusessem os cintos de segurança e
desfrutassem da viagem. Depois várias hospedeiras jovens e elegantes vestidas com os seus uniformes azuis passaram
pelos corredores, assegurando-se de que todos estavam bem e que não faltava nada a ninguém.
-Já percebi porque é que os Muggles gostam tanto de andar nestas maquinetas
– declarou Blaise, do assento atrás de Lenny e Draco – as hospedeiras são
mesmo sexy!
Lenny revirou os olhos, mas Draco, olhando por cima do ombro, sorriu ao
amigo. Lenny distinguiu as cabeças ruivas dos Weasley lá à frente, onde Harry,
Hermione, Neville e Luna também se encontravam.
Ouviu-se o barulho dos motores e o avião descolou, por fim. Muitos soltaram
exclamações de surpresa quando se viram no ar, a atravessar as nuvens e a ver
tudo de lá de cima.
-Esta juventude de hoje em dia – disse uma senhora idosa ali perto – como se
nunca tivessem visto nada disto. Eu sou mais velha e já me habituei.
-Ainda bem que estás aqui comigo – sussurrou Draco ao ouvido de Lenny –
senão acho que me ia passar.
-Tens medo de andar de avião? – perguntou Lenny.
-É só que isto é tudo muito novo e estranho para mim – declarou ele. Lenny
pegou-lhe na mão, entrelaçando os dedos dele nos dela e beijando-o
ternuramente. Nesse preciso momento, o sol nasceu, irrompendo pelas nuvens.
*
A viagem decorreu sem problemas, à exceção de um ou outro que vomitou (felizmente
Draco não foi um deles). A comida do avião não era má e os rapazes aproveitavam todos os
pretextos para chamarem as hospedeiras. Algumas deviam ser tão novas quanto os
alunos de dezoito e dezanove anos. Houve quem trocasse moradas e as hospedeiras
ficaram surpresas quando alguns dos rapazes lhes disseram que não tinham
telemóveis, mas eles, atabadoalhamente, diziam que era temporário ou que vinham de colégios e famílias estritas que não os deixavam possuir aquele tipo de equipamento.
-O Ron está melhor? – perguntou Lenny a Hermione quando os viu à hora de
almoço. Ron estivera prestes a vomitar.
-Está. Acho que já se habituou aos aviões – disse Hermione – os outros não
tiveram tanta dificuldade, felizmente.
-Também já não deve faltar muito para aterrarmos – alvitrou Lenny.
-Chegamos às Caraíbas perto do meio da tarde – alegou Hermione – mais umas
três, quatro horas.
-Estou ansiosa – declarou Ginny – e sinceramente estou farta destas
hospedeiras. Os rapazes não param de olhar para elas.
-Até parece que podes falar muito! – ripostou Hermione – o Harry só tem olhos para ti! Já o Ron... viram a lata daquela hospedeira quando se ofereceu
para o ajudar? Como se eu não pudesse!
-Calma, Hermione, já sabes como é que ele é, mas no fundo, ele gosta é de
ti - assegurou Ginny.
-Sabes lá…
-Sei, pois. Afinal, sou irmã dele, não é? – sorriu Ginny.
-A Ginny tem razão. Tu e o Ron podem ter as vossas discussões, mas não
conseguiam viver um sem o outro – proferiu Lenny. Hermione sorriu.
-Isso faz-me lembrar um outro casalinho – riu ela, pousando os olhos em
Draco, que conversava com Blaise.
-Hermione! – censurou Lenny, também ela rindo.
-Que é? É verdade, vocês adoram-se! Não me admirava se vocês já tivessem…
Hermione calou-se abruptamente, corando até às raízes dos cabelos. Lenny
esbugalhou os olhos e engasgou-se quando percebeu o que a amiga estivera
prestes a dizer, e Ginny ficou com lágrimas nos olhos de tanto rir.
-Hermione, nunca pensei que fosses capaz de dizer essas coisas! – desaprovou
Lenny.
-Desculpa, Lenny, eu não… - ia Hermione dizer, mas Ginny, sempre prática e
despachada, interrompeu-a.
-Oh, qual era o drama? Vocês já têm dezoito anos, por favor!
-Bom, tu e o Harry já o fizeram? – interpelou Lenny, antes de pensar no que
perguntara, pois as palavras saíram-lhe da boca sem pensar. Ginny ficou mais vermelha que o seu cabelo e olhou para o chão.
Lenny e Hermione olharam-se de forma cúmplice.
-Espero que o Ron não saiba! – exclamou Hermione, divertida.
-Se tu não lhe disseres nada… - murmurou Ginny baixinho, levantando a
cabeça. Depois as três amigas olharam umas para as outras e desataram a rir-se,
recebendo vários olhares inquisidores por parte das outras pessoas.
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