No dia 4 de Abril, sexta-feira, era o último dia de aulas, pelo que os
professores tiveram dificuldades em manter a ordem durante as aulas. Fred e
George foram mesmo chamados ao gabinete da diretora por lançarem mini-foguetes durante
a aula de Poções.
À hora de almoço Lenny encontrava-se na relva perto do Lago Negro com Ginny
e Hermione. Como estava um dia ameno, Lenny tirou o casaco e ao fazê-lo, a camisola
deslizou-lhe um pouco revelando os seus ombros, e a tatuagem.
-Lenny, isso é uma tatuagem? – perguntou Hermione – no teu ombro esquerdo?
Lenny engoliu em seco, ciente que teria de contar às amigas sobre a
tatuagem. Mais valia ser já do que estar a mentir e a adiar.
-É verdade – respondeu ela.
-O quê? – disseram elas.
-Quando?
-Mostra!
Lenny assim fez, receosa do que as amigas iriam pensar ao ver a tatuagem.
Passou o cabelo para o lado direito do pescoço, fez deslizar a manga da
camisola e Hermione e Ginny abriram a boca de espanto.
-É uma data, não é? – perguntou Ginny.
-É – disse Lenny, tapando a tatuagem com o cabelo.
-9 de Março de 1999… - deduziu Hermione – espera lá… isso foi quando
estávamos nas Caraíbas!
-Correto – alegou Lenny. Depois de contar com os dedos, Ginny proferiu:
-Domingo – e depois olhou para Hermione com um sorriso na cara – o dia que
passaste com o Draco. E depois, à noite, na festa, estavas toda sorridente. Não
que não fosse normal, afinal, estávamos num sítio lindo, mas havia algo mais…
-É, também reparei – consentiu Hermione – um sorriso brilhante, apaixonado…
um brilho no olhar.
-Digamos que foi um dia especial – afirmou Lenny, acrescentando em voz mais
baixa – muito especial, aliás…
-Porque é que não nos contaste? – perguntou Ginny.
-Contar o quê? – interpelou Lenny. Ginny olhou para Hermione e depois para
Lenny.
-Queres que eu o diga em voz alta? – disse ela, quase a rir.
-Não… oh, bolas, está bem – suspirou Lenny, corando.
-É melhor esconderes a tatuagem com um feitiço de invisibilidade nas férias
– propôs Hermione – mesmo que seja um local difícil de ver, pode acontecer o
que aconteceu agora. Com certeza não queres que os teus pais te façam perguntas incomodativas.
-Tens razão, é melhor. Agora vocês não vão comentar isto com ninguém, pois
não?
-Tens a nossa palavra, Len – disseram elas.
-Mas afinal, quando é que fizeste a tatuagem? – inquiriu Hermione.
-Na quarta, quando fui a Hogsmeade com o Draco – redarguiu Lenny.
-Ele sabe, então?
Lenny assentiu com a cabeça, mas preferiu manter para si o facto de Draco
também ter feito uma tatuagem.
-Já agora, Lenny, os meus pais gostavam que tu, os teus pais e a tua avó
fossem passar uns dias à Toca – convidou Ginny.
-Ok, eu falo com eles. Agora, Ginny… é verdade que o Harry tem a tatuagem
de um dragão no peito?
Ginny soltou uma gargalhada.
-Fui eu que espalhei esse boato.
-Ao menos não foi tão mau como o do Ron. A Ginny disse que ele tinha a
tatuagem de um pigmeu penugento – riu Hermione.
-Coitado do Ron, Ginny! – riu Lenny e daí a pouco estavam as três a rir a alto e bom som.
*
No dia seguinte, depois de fazer as malas e de tomar o pequeno-almoço,
Lenny e os outros alunos apanharam as carruagens conduzidas por Thestrals até
Hogsmeade para apanharem o comboio até Londres.
-É estranho como agora os podemos ver, não é? – perguntou Daphne, que se referia aos Thestrals e que ia
numa carruagem com Lenny, Draco, Blaise, Adrian e Pansy.
-Toda a gente que participou na batalha de Hogwarts os consegue ver –
afirmou Blaise.
Lenny não disse nada, pois não os conseguia ver. Quando chegaram a
Hogsmeade, por volta das onze da manhã, embarcaram no Expresso de Hogwarts. Quando
Draco estava a entrar num compartimento, onde já se encontravam Blaise, Pansy,
Daphne e Adrian, Lenny deteve-o.
-Vem comigo – murmurou ela.
-Vão escapulir-se para um compartimento vazio para estarem mais à vontade?
– provocou Blaise.
-Bom, não sei quanto a ti, Blaise, mas eu não os quero ver na marmelada
durante a viagem inteira – riu Adrian, alinhando na jogada.
-Nem eu quero ver-te a ti e à Daphne – replicou Lenny.
-Anda, Lenny, antes que a conversa descambe – disse Draco, pegando-lhe na
mão e abandonando assim o compartimento. Ainda ouviram Blaise e Adrian a rir,
mas depois, por fim, encontraram um compartimento vazio.
-Então… - disse Draco, com um sorriso atrevido no rosto.
-Esquece a marmelada, Draco – afirmou Lenny, fechando a porta do compartimento
– mas preciso que me ponhas um feitiço de invisibilidade na tatuagem.
-Porqu… ah – disse Draco ao perceber – mas não é um local muito visível…
-Mesmo assim, pode acontecer estar a tirar o casaco e manga da camisola
cair ou algo assim, e os meus pais iam começar com perguntas. É melhor assim.
Também vais pôr na tua?
-A minha também é difícil de se ver, mas mais vale prevenir que remediar,
não é, em caso de decidir querer andar em tronco nu pela casa – riu Draco.
-Espero que não tenhas vizinhas da nossa idade – indagou Lenny.
-Ficavas com ciúmes se elas me vissem? – provocou Draco.
-Claro – disse ela.
-Fica descansada – disse Draco – não tenho vizinhos – depois sacou da
varinha, levantou a camisa e apontou-a à tatuagem – é melhor experimentar em
mim primeiro, a ver se resulta.
Pronunciou um feitiço e lentamente os números desvaneceram-se, mas
voltariam a aparecer assim que Draco fizesse o contrafeitiço.
-Nenhum efeito secundário até agora, por isso acho que podemos... – ia
dizer Draco, mas Lenny interrompeu-o.
-Draco… o teu cabelo está a mudar de cor!
-O quê? – perguntou ele, perplexo.
-Ahah, apanhei-te! – exclamou Lenny. Draco fez um sorriso sarcástico.
-Ora deixa-me cá ver se tens cócegas, Lenny – ele aproximou-se dela.
-Não, não, não! – Draco começou a fazer cócegas a Lenny, mas esta conseguiu
ripostar e fez cócegas a Draco.
-Ok, ok, eu rendo-me! – disse ele a custo, dobrando-se. Depois Lenny
virou-se para a frente, passou o cabelo para o lado direito do pescoço e
lentamente (e um pouco sedutoramente, afinal, estava com Draco), deslizou a
manga esquerda da camisola para baixo, revelando a tatuagem.
-Agora faz-me lá o feitiço – pediu ela.
-Ok – Draco pronunciou o feitiço e depois, tal como nele, os números
desapareceram da pele de Lenny. Esta sentiu o toque frio de Draco na sua pele, e
daí a momentos os seus lábios tocaram no ombro dela. Um arrepio quente e bom
percorreu todo o corpo de Lenny e o coração dela – bem como o dele – começou a
bater mais depressa. Depois Draco percorreu o pescoço de Lenny com beijos até
chegar à sua orelha, fazendo-lhe cócegas agradáveis. Em seguida fê-la virar-se
para si, ela puxou a manga da camisola para cima e Draco tocou com o seu nariz
no de Lenny, os seus lábios tocando-se em seguida.
-Eu disse que eles iam estar na marmelada! – Draco e Lenny separaram-se
abruptamente quando ouviram a voz de Adrian, que se encontrava à porta do
compartimento com Blaise, Daphne e Pansy. Esta última tinha um olhar furioso na
cara, indo-se embora em seguida.
-Vínhamos perguntar-vos se já se queriam juntar a nós, mas parece-nos que
preferem continuar a sós – sorriu Blaise travessamente. Assim, ele e os outros
regressaram ao seu compartimento, deixando Lenny e Draco novamente sozinhos.
Passaram o resto da viagem juntinhos um ao outro, não só na “marmelada” como
Adrian apelidara, mas também a conversar e a divertirem-se. Não sairiam juntos do comboio com medo de se depararem com as
suas famílias à espera, pelo que quando este parou na estação de Londres, Lenny
perguntou:
-Escreves-me pelo diário-logo e vemo-nos pelo espelho de duas faces, certo?
-Claro – disse Draco. Depois deram um último beijo, intenso e demorado.
Saíram do compartimento, Lenny despediu-se dos seus amigos Slytherin e
misturou-se com os alunos que saíam do comboio. Pegou no carrinho com as suas
malas e as gaiolas de Hedz e de Shy, encontrando Harry, os Weasley, Hermione,
Neville e Luna.
Despediu-se dos últimos dois e depois passou o muro com os primeiros. Aí
esperavam as famílias Gant, Weasley e Granger, que conversavam entre si. Tinham
vindo os pais de Lenny bem como a avó, Molly e Arthur Weasley e os pais de
Hermione. Os jovens correram a abraçar os respetivos familiares, saudando-se
animadamente.
-Eu já convidei a Lenny e a família a irem à Toca, mãe – disse Ginny a
Molly.
-Também estava a falar disso agora e o Michael, a Melanie e a Christine
aceitaram de bom grado – alegou Molly – e claro, os teus pais e tu também estão
convidados, Hermione.
Após conversarem mais um pouco, as famílias despediram-se e separaram-se e
Lenny foi com os pais e a avó para casa.
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