Os dias passaram e já não chovia tanto. Anastacia não falou uma única vez com Lenny, e
vice-versa.
As aulas iam ficando mais complicadas e difíceis, com as revisões para os exames, os
exercícios complexos, os feitiços práticos e os resumos e longos trabalhos
de casa. Assim, a maioria dos alunos do quinto e do sétimo ano passavam as
horas livres na salas comuns ou na biblioteca com a cabeça enterrada nos
livros, alguns começando já a stressar com os exames finais. Lenny não se
encontrava particularmente nervosa, mas sabia que ia ficar quando estivessem
mais próximos dos EFBE’s.
Lenny foi uma das melhores no curso de Materialização: ao fim de algumas
aulas já sabia Aparecer e Desaparecer como alguém experiente.
A poucos dias do início das férias da Páscoa, que começariam a 5 de Abril,
chegou o dia 1 de Abril: dia das mentiras e o dia de aniversário dos gémeos
mais populares de Hogwarts: Fred e George Weasley.
-Vão fazer uma festa na Sala das Necessidades? - perguntou-lhes Hermione
na véspera.
-Não - respondeu Fred com um sorriso enigmático.
-Combinámos algo para os nossos amigos mais chegados - completou George.
-A sério? Nada de festas de arromba, com montes de gente? - questionou Ginny, surpresa.
-Aquilo que estamos a planear fazer não pode ser com muita gente - finalizou Fred, o sorriso misterioso ainda no rosto.
Por fim, chegou o dia 1 de Abril. De manhã, entrou na sala comum dos Slytherin, que estava vazia à exceção de Draco. Este estava muito sério.
-Está tudo bem? - perguntou-lhe Lenny. Draco passou a língua pelos lábios, pensativo. Depois fitou Lenny bem nos olhos, dizendo:
-Desculpa, Lenny, mas... não sei... acho que não está a dar certo... e temos de...
A cara de Lenny passou de boquiaberta a confusa, e depois a triste. Não podia ser, Draco não estava a acabar com ela!
-Feliz dia das mentiras, Lenny! - exclamou Draco, desatando a rir-se às gargalhadas - a sério, devias ter visto a tua cara!
-Draco Lucius Malfoy, nunca mais me voltes a fazer uma coisa destas! - exclamou Lenny, a cara vermelha - tens noção do susto que me pregaste?
Draco tentou ficar sério, mas a tentativa não resultou muito bem.
-Desculpa, Lenny, mas...
Lenny cruzou os braços sob o peito.
-Acho que agora sou eu que quer acabar contigo.
-Lenny, pára de brincar, vá lá, desculpa...
-Quem disse que eu estava a brincar? - Lenny franziu o sobrolho maliciosamente. Na cara de Draco deixaram de haver réstias de diversão. Agora estava sério e preocupado - apanhei-te!
Agora era a vez de Lenny se rir.
-Não teve piada! - contestou Draco, enquanto Lenny se sentava no sofá para se apoiar em algo. Já lhe doía o estômago de tanto rir e tinha lágrimas nos olhos.
-Claro que não! - riu Lenny. Draco saltou para o sofá.
-Ai é assim? - sorriu Draco - já vais ver!
Com isto, fez cócegas a Lenny, que se contorceu para se libertar. Lenny estava agora deitada no sofá com Draco por cima dela, que não parava de lhe fazer cócegas.
-Céus, não acham que deviam guardar isso para a noite? - resmungou Blaise com um sorriso quando entrou na sala comum. Draco parou de fazer cócegas a Lenny e os dois sentaram-se no sofá, endireitando-se e compondo a roupa e o cabelo.
-Cala-te, Blaise - replicou Draco, levantando-se e cumprimentando-o com um daqueles abraços-apertos-de-mão que os rapazes dão.
-Bom, vou deixar-vos sozinhos a fazerem... sei-lá-o-quê - disse Blaise, dirigindo-se à porta da sala.
-Vais descer para o Salão Nobre? - perguntou Draco.
-Sim. Os dois pombinhos querem vir comigo?
-Claro - acedeu Draco.
-Não estejam à espera que faça de vela - sorriu Blaise e os três dirigiram-se ao Salão Nobre, tagarelando amigavelmente.
*
-Quem me dera saber o que os Weasley andam a tramar - disse Pansy ao pequeno-almoço - é tão estranho não irem fazer uma festa... ou se calhar vão, mas só para os amigos mais chegados.
-Com pena de não ires a uma festa dos ruivos, Pansy? - provocou Blaise.
-Por muito que não goste deles não posso dizer que não gosto das festas deles - disse Pansy.
-Vê lá o que é que vocês fazem - murmurou Draco a Lenny - não te metas em nada maluco. Nunca se sabe, com eles.
-Eu tenho cuidado, pai, não te preocupes - sorriu Lenny, mas ela também não sabia o que Fred e George tinham planeado. Sabia apenas que tinha de ir ter com eles à Torre de Astronomia depois do jantar.
E assim, quando a noite chegou e o jantar acabou, Lenny encontrou-se com Fred, George, Harry, Ron, Hermione, Ginny, Neville, Luna, Seamus Finnigan, Dean Thomas, Lee Jordan, Angelina Johnson, Katie Bell e mais uma ou duas pessoas que Lenny só conhecia de vista, na Torre de Astronomia.
-Ainda bem que puderam vir todos - começou Fred.
-Afinal, o que vamos fazer? - perguntou Ginny com impaciência.
-E porque trouxeram todas essas vassouras? - questionou Hermione, olhando para as várias vassouras que Fred e George tinham consigo. Os dois sorriram e disseram ao mesmo tempo:
-Decidimos fazer uma corrida de vassouras sobre o rio Tamisa.
-O quê? - Hermione arregalou os olhos - estão a gozar! É perigoso e os Muggles podem ver...
George pegou na varinha, pronunciando um feitiço, enquanto Fred disse:
-É por isso que o George está agora a colocar um feitiço da Invisibilidade em todos nós. Então, quem alinha?
-Eu não vou - disse logo Hermione. Os gémeos suspiraram.
-Já estávamos à espera. Mas então assegura-te que nenhum professor nos apanha. Há mais alguém que se quer cortar ou podemos contar com vocês?
Hermione revirou os olhos, mas decidiu não argumentar. Como todos os outros acederam em ir, Fred e George deram uma vassoura a cada um.
-Vocês vão mesmo alinhar nisso? - perguntou Hermione, enquanto os outros montavam nas vassouras.
-Deixa-os lá, Hermione - disse Fred - preparados? Vamos!
Fred e George levantaram voo, seguidos pelos outros. Lenny não sabia bem o que estava a fazer, mas a adrenalina entusiasmava-a.
Sabia bem sentir o vento a fustigar-lhe a cara, o barulho suave das vassouras. Sentia-se rebelde e aquilo era divertido. Sobrevoaram Hogwarts e dirigiram-se para Hogsmeade. Aí, Materializaram-se e
Apareceram em Londres. A cidade estava
iluminada e eles rasaram o rio Tamisa. Lenny colocou uma das mãos dentro de
água, que estava fria.

-Isto é o máximo! – gritou Ron e os outros seguiram-lhe o exemplo, gritando
e cantando. Depois, já cansados, Materializaram-se novamente, Aparecendo em
Hogsmeade. Daí voaram novamente para Hogwarts, aterrando na Torre de Astronomia,
era já perto da meia-noite.
Hermione ainda lá estava, sentada no chão a ler um livro e prestes a
adormecer.
-Finalmente chegaram! – exclamou ela enquanto os outros desciam das
vassouras – estava a ver que não!
-Foi brutal, Hermione – disse Ginny.
-Modéstia à parte, nós temos sempre boas ideias – sorriu George.
-Agora é melhor irmo-nos deitar – declarou Hermione, um pouco irritada com
os sorrisos tolos que todos apresentavam após aquela corrida alucinante e
refrescante.
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