quarta-feira, 9 de abril de 2014

Debaixo de um chorão

Nesse mesmo dia, à hora de almoço, depois de Lenny se ter inscrito no curso de Materialização, Draco e ela foram fazer os trabalhos de casa à sombra de um chorão. O dia estava ameno e um sol tímido aparecia por detrás das nuvens.
-Acho que já escrevi bezoar mais de cem vezes – admitiu Lenny, pousando o pergaminho e a pena na relva, cansada do relatório de Poções que tinha de fazer.
-Não é assim tão difícil – redarguiu Draco.
-Isso dizes tu, o melhor a Poções. És melhor que a Hermione e isso é dizer alguma coisa! O Slughorn adora-te, a sério. Acho que mesmo que fosses de outra casa que não Slytherin, ele continuaria a adorar-te mais do que a alguns Slytherins – fez ver Lenny.
-A culpa não é minha de ser tão bom – sorriu Draco, travessamente – queres que eu te faça isso?
-Não, deixa estar – disse Lenny, olhando para o tronco da árvore. Depois teve uma ideia – não sei se os feiticeiros têm o hábito de fazer isto, mas na escola onde eu andei, havia muitos Muggles que o faziam… claro que gravavam com pedras ou paus, mas…
Lenny pegou na sua varinha, apontou-a ao tronco da árvore e murmurou um feitiço, ao mesmo tempo que desenhava no ar as letras, que seguidamente apareciam gravadas no casco da árvore.


-Tenho de admitir que às vezes os Muggles têm boas ideias – sorriu Draco, segurando Lenny pela cintura e beijando-lhe o cabelo.
-Esqueces-te que tu próprio gravaste uma frase numa rocha não há muito tempo atrás – riu Lenny e Draco sorriu também.
-Achas que isto ainda aqui vai estar quando os nossos filhos vierem para Hogwarts? – questionou ele, apanhando Lenny desprevenida. Ela arregalou os olhos e corou. Nunca pensara nisso: casamento e filhos eram duas palavras difíceis e um pouco surreais para ela. Afinal, era um grande passo e um grande compromisso.
-Não sei – confessou ela e depois acrescentou, um pouco em tom de brincadeira – quantos filhos gostarias de ter?
Draco sentou-se, encostado à árvore, e Lenny seguiu-lhe o exemplo, sentando-se ao seu lado. Depois o rapaz respondeu:
-Pelo menos dois. Um rapaz e uma rapariga. O rapaz seria o irmão mais velho - afirmou Draco, embora soubesse que essas coisas iam além da sua decisão.
-É - concordou Lenny - e a casa?
-Grande como a minha não - disse logo Draco - afasta as pessoas.
-Sim, tinha de ser confortável e não demasiado grande. E ter um jardim. Com uma casa na árvore - sorriu Lenny. 
-Mais uma mania Muggle? - perguntou Draco, sorrindo.
-As casas nas árvores são lugares sossegados e acolhedores. Fazem uma pessoa sentir-se segura, percebes? Tipo um esconderijo, um porto seguro - explicou Lenny.
-Não percebo porque é o que o meu pai odeia tanto os Muggles e mos fez odiar também. Parecem afáveis.
-Não tens que ser como o teu pai, Draco - declarou Lenny - não és.
-Agora já não - os olhos cinzentos de Draco brilharam - é pena a minha mãe não ter conseguido mudar o meu pai da mesma forma que tu me mudaste.
-Aposto que vais ser um grande pai - afirmou Lenny com sinceridade, fitando os olhos profundos de Draco. Ele sorriu levemente, abraçando-a.  


*

No final dessa semana, sexta-feira, 14 de Março, começou o curso de Materialização. Lenny encaminhou-se para o Salão Nobre, com mais alguns alunos, maioritariamente do sexto ano. No Salão Nobre as longas mesas tinham sido retiradas e agora encontravam-se no chão, com espaços regulares entre si, arcos com um diâmetro de um metro. Um profissional do Ministério apresentou-se e explicou-lhes o que deveriam fazer: cada um deveria posicionar-se dentro de um arco, concentrar-se e imaginar Desaparecer e Aparecer no outro lado da sala. Após várias tentativas falhadas, Lenny foi uma das primeiras pessoas a conseguir Materializar-se totalmente. Sentia a cabeça tonta e o estômago às voltas, mas não perdera nenhum membro pelo caminho, como acontecera a alguns outros alunos que tiveram de ser levados à Ala Hospitalar. 
-Muito bem, miss...
-Lenny Gant - disse Lenny ao profissional do Ministério. 
-Oh, ouvi falar de si... não creio que tenha dificuldades em passar no exame e em obter a licença - depois o homem dirigiu-se ao centro da sala, dizendo: - o exame será depois das férias da Páscoa. Até ao início das mesmas continuaremos com as lições. Por hoje é tudo.
Um pouco exausta, Lenny saiu do Salão Nobre conjuntamente com os outros alunos.

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