sexta-feira, 25 de abril de 2014

Férias da Páscoa

Os pais de Lenny tinham comprado uma casa num bairro de feiticeiros quando Lenny nascera na esperança de lá poderem viver os três, mas quando descobriram que Lenny não aparentava possuir magia, tinham desistido da ideia e foram viver com a avó de Lenny, em Londres, de forma a Lenny se ambientar no mundo Muggle.
No carro da avó, a caminho de casa, Lenny alegara que agora já sabia Materializar-se e que já não era preciso andar de carro, mas a avó argumentara dizendo que gostava de conduzir. 
-Estávamos a pensar comprar uma casa para nós três num bairro menos movimentado - declarou Melanie, a mãe de Lenny, quando iam a caminho de casa da avó.
-E a avó? - questionou a rapariga.
-Eu tenho a minha própria casa, querida - respondeu Christine - e acho que vocês os três também gostariam de ter a vossa. 
-Bom... mas eu não vou viver em nenhuma das duas casas muito mais tempo, pois não? Quer dizer... - Lenny calou-se ao ouvir a avó soltar uma gargalhada e ao ver os olhares cúmplices trocados entre os pais.
-Estás a planear ir viver com alguém? - perguntou-lhe a mãe, divertida. A imagem de Draco apareceu imediatamente na mente de Lenny, mas esta afastou a ideia.
-Não - disse ela - mas gostava de ter o meu próprio apartamento, sozinha. Afinal, já sou maior de idade, tanto no mundo da feitiçaria como no mundo Muggle.
-A nossa filha está a ficar crescida - sorriu o pai mas depois ficou com uma expressão séria - diz-nos, não há ninguém especial?
Lenny corou até à raiz dos cabelos, não só de embaraço mas porque lhe custava mentir, ou pelo menos, omitir a verdade. Mas não lhes podia contar nada sobre Draco.
-Então, há! - exclamou a mãe, virando-se para trás e observando a cara corada da filha. 
-Não há não! - contrapôs ela numa voz débil. Naquele momento só queria que um buraco se lhe abrisse ali mesmo para poder saltar lá para dentro. Detestava falar daquilo com os pais. 
-Deixem lá a miúda - interveio a avó, vendo a cara de Lenny pelo espelho retrovisor do meio - é jovem e é normal.
-Mas não há mal em querermos saber quem é - indagou Melanie e naquele momento entraram na garagem de casa da avó.
-Não é ninguém - assegurou Lenny, agora com uma voz mais forte, e quando o carro parou, abriu a porta e saiu para a garagem, e depois para o pequeno jardim de casa. "Bolas, os pais são excelentes a envergonhar-nos", pensou Lenny entrando em casa e correndo a toda a velocidade para o seu quarto, "agora sei porque queriam eles vir de carro, assim eu não tinha escapatória possível." 

*

Felizmente, não houve mais conversas embaraçosas e após duas semanas em casa que Lenny aproveitou para estudar para os EFBE's, chegou a Páscoa. Entretanto, Lenny tinha falado várias vezes com Draco pelo Diário-Logo (e algumas vezes pelo Espelho de Duas Faces quando nem a avó nem os pais estavam em casa).
Chegara o dia de ir ter à Toca. O dia estava ameno e Lenny olhou com agrado para a casa dos Weasley quando lá chegaram por meio de Materialização, que Lenny agora já conseguia fazer sozinha. 
Charlie e Bill Weasley não vinham passar a Páscoa com a família, mas a casa destes não se encontrava menos vazia, com Molly, Arthur, Percy, Fred, George, Ron, Ginny, Harry, Hermione e os pais, Lenny, os pais e a avó. Só os jovens e os pais dos Weasley é que ficariam a dormir na Toca, os pais de Lenny e a avó passariam a noite em casa desta e os pais de Hermione na sua casa.
-Ainda bem que chegaram! - disse Molly Weasley, aparecendo à porta de casa. 
-Adoro a casa! - exclamou Melanie, sorridente, revelando uma amizade antiga com Molly.
-Obrigada - sorriu Molly e depois de ter cumprimentado todos, entraram em casa. Arthur, que estava na cozinha com os pais de Hermione e com Percy, cumprimentou Lenny e a família, bem como Percy e os pais de Hermione e depois Molly berrou:
-Meninos! Venham cumprimentar a Lenny e a família!
Os gémeos, Harry, Ron, Ginny e Hermione deviam estar na sala-de-estar pois chegaram à cozinha num instante. Abraçaram Lenny e cada um cumprimentou educadamente a família da mesma. 
Era sábado à tarde, e Lenny rapidamente deixou os pais e a avó a conversar com Molly, Arthur, Percy e os pais de Hermione para ir desfazer as malas no quarto de Ginny. Este tinha três camas, para Hermione, Ginny e Lenny. Esta pousou a gaiola de Shy e a de Hedz na sua cama. 
-Vocês já estão despachadas? - perguntou Ron metendo a cabeça dentro do quarto com a porta pouco aberta - estamos à vossa espera para ir lá para fora.
-Que cavalheiros - riu Ginny e depois as três raparigas seguiram Ron até ao pátio, onde já se encontravam Harry e os gémeos. 
-Tens andado a estudar, Lenny? - perguntou-lhe Hermione. 
-Tem de ser. Estou farta de livros, a sério - respondeu ela.
-Eu ainda tenho de acabar aquele resumo hoje - disse Hermione.
-Não acredito que os pais nos obrigaram a fazer o sétimo ano em Hogwarts para que pudéssemos tirar os EFBE's - resmungou Fred.
-Espero que não fiquem chateados quando os chumbarmos todos - sorriu George e Hermione olhou para ele escandalizada - estou a brincar!
-Então, vamos jogar Quidditch? - perguntou Ron, impaciente. 
Assim foi. Passaram o resto do dia lá fora, a jogar Quidditch e a tomar banho no rio, cuja água estava um pouco fria, mas valera a pena. 
Por fim, Percy veio chamá-los para o jantar, que era uma especialidade de Molly: hambúrgueres à Molly. Assim, havia uma variedade de hambúrgueres para todos os gostos da família Weasley e claro, Molly também tivera em conta as preferências dos seus convidados. 

Distribuição dos lugares à mesa

O jantar foi muito animado, com conversas paralelas entre todos. Agora Lenny sentia-se verdadeiramente feliz pois tinha os pais com ela. A primeira parte da conversa foi principalmente sobre Hogwarts e os exames de final do ano, mas os jovens (menos Hermione) depressa se desinteressaram da conversa e começaram a falar entre si. 
Após o jantar, foram todos para a sala de estar, que, com tanta gente, parecia minúscula. Christine começou a falar com os pais de Hermione sobre o mundo Muggle, Melanie e Michael falavam com Molly, Arthur e Percy e os jovens estavam reunidos a um canto a conversar. Por fim, os pais de Hermione e a avó e os pais de Lenny despediram-se de todos. Hermione foi levar por meio de Materialização os pais a casa e os pais de Lenny e a avó Materializaram-se sozinhos. Depois, os jovens foram-se deitar.

domingo, 13 de abril de 2014

Sozinhos

No dia 4 de Abril, sexta-feira, era o último dia de aulas, pelo que os professores tiveram dificuldades em manter a ordem durante as aulas. Fred e George foram mesmo chamados ao gabinete da diretora por lançarem mini-foguetes durante a aula de Poções.
À hora de almoço Lenny encontrava-se na relva perto do Lago Negro com Ginny e Hermione. Como estava um dia ameno, Lenny tirou o casaco e ao fazê-lo, a camisola deslizou-lhe um pouco revelando os seus ombros, e a tatuagem.
-Lenny, isso é uma tatuagem? – perguntou Hermione – no teu ombro esquerdo?
Lenny engoliu em seco, ciente que teria de contar às amigas sobre a tatuagem. Mais valia ser já do que estar a mentir e a adiar.
-É verdade – respondeu ela.
-O quê? – disseram elas.
-Quando?
-Mostra!
Lenny assim fez, receosa do que as amigas iriam pensar ao ver a tatuagem. Passou o cabelo para o lado direito do pescoço, fez deslizar a manga da camisola e Hermione e Ginny abriram a boca de espanto.
-É uma data, não é? – perguntou Ginny.
-É – disse Lenny, tapando a tatuagem com o cabelo.
-9 de Março de 1999… - deduziu Hermione – espera lá… isso foi quando estávamos nas Caraíbas!
-Correto – alegou Lenny. Depois de contar com os dedos, Ginny proferiu:
-Domingo – e depois olhou para Hermione com um sorriso na cara – o dia que passaste com o Draco. E depois, à noite, na festa, estavas toda sorridente. Não que não fosse normal, afinal, estávamos num sítio lindo, mas havia algo mais…
-É, também reparei – consentiu Hermione – um sorriso brilhante, apaixonado… um brilho no olhar.
-Digamos que foi um dia especial – afirmou Lenny, acrescentando em voz mais baixa – muito especial, aliás…
-Porque é que não nos contaste? – perguntou Ginny.
-Contar o quê? – interpelou Lenny. Ginny olhou para Hermione e depois para Lenny.
-Queres que eu o diga em voz alta? – disse ela, quase a rir.
-Não… oh, bolas, está bem – suspirou Lenny, corando.
-É melhor esconderes a tatuagem com um feitiço de invisibilidade nas férias – propôs Hermione – mesmo que seja um local difícil de ver, pode acontecer o que aconteceu agora. Com certeza não queres que os teus pais te façam perguntas incomodativas.
-Tens razão, é melhor. Agora vocês não vão comentar isto com ninguém, pois não?
-Tens a nossa palavra, Len – disseram elas.
-Mas afinal, quando é que fizeste a tatuagem? – inquiriu Hermione.
-Na quarta, quando fui a Hogsmeade com o Draco – redarguiu Lenny.
-Ele sabe, então?
Lenny assentiu com a cabeça, mas preferiu manter para si o facto de Draco também ter feito uma tatuagem.
-Já agora, Lenny, os meus pais gostavam que tu, os teus pais e a tua avó fossem passar uns dias à Toca – convidou Ginny.
-Ok, eu falo com eles. Agora, Ginny… é verdade que o Harry tem a tatuagem de um dragão no peito?
Ginny soltou uma gargalhada.
-Fui eu que espalhei esse boato.
-Ao menos não foi tão mau como o do Ron. A Ginny disse que ele tinha a tatuagem de um pigmeu penugento – riu Hermione.
-Coitado do Ron, Ginny! – riu Lenny e daí a pouco estavam as três a rir a alto e bom som.

*

No dia seguinte, depois de fazer as malas e de tomar o pequeno-almoço, Lenny e os outros alunos apanharam as carruagens conduzidas por Thestrals até Hogsmeade para apanharem o comboio até Londres.
-É estranho como agora os podemos ver, não é? – perguntou Daphne, que se referia aos Thestrals e que ia numa carruagem com Lenny, Draco, Blaise, Adrian e Pansy. 
-Toda a gente que participou na batalha de Hogwarts os consegue ver – afirmou Blaise.
Lenny não disse nada, pois não os conseguia ver. Quando chegaram a Hogsmeade, por volta das onze da manhã, embarcaram no Expresso de Hogwarts. Quando Draco estava a entrar num compartimento, onde já se encontravam Blaise, Pansy, Daphne e Adrian, Lenny deteve-o.
-Vem comigo – murmurou ela.
-Vão escapulir-se para um compartimento vazio para estarem mais à vontade? – provocou Blaise.
-Bom, não sei quanto a ti, Blaise, mas eu não os quero ver na marmelada durante a viagem inteira – riu Adrian, alinhando na jogada.
-Nem eu quero ver-te a ti e à Daphne – replicou Lenny.
-Anda, Lenny, antes que a conversa descambe – disse Draco, pegando-lhe na mão e abandonando assim o compartimento. Ainda ouviram Blaise e Adrian a rir, mas depois, por fim, encontraram um compartimento vazio.
-Então… - disse Draco, com um sorriso atrevido no rosto.
-Esquece a marmelada, Draco – afirmou Lenny, fechando a porta do compartimento – mas preciso que me ponhas um feitiço de invisibilidade na tatuagem.
-Porqu… ah – disse Draco ao perceber – mas não é um local muito visível…
-Mesmo assim, pode acontecer estar a tirar o casaco e manga da camisola cair ou algo assim, e os meus pais iam começar com perguntas. É melhor assim. Também vais pôr na tua?
-A minha também é difícil de se ver, mas mais vale prevenir que remediar, não é, em caso de decidir querer andar em tronco nu pela casa – riu Draco.
-Espero que não tenhas vizinhas da nossa idade – indagou Lenny.
-Ficavas com ciúmes se elas me vissem? – provocou Draco.
-Claro – disse ela.
-Fica descansada – disse Draco – não tenho vizinhos – depois sacou da varinha, levantou a camisa e apontou-a à tatuagem – é melhor experimentar em mim primeiro, a ver se resulta.
Pronunciou um feitiço e lentamente os números desvaneceram-se, mas voltariam a aparecer assim que Draco fizesse o contrafeitiço.
-Nenhum efeito secundário até agora, por isso acho que podemos... – ia dizer Draco, mas Lenny interrompeu-o.
-Draco… o teu cabelo está a mudar de cor!
-O quê? – perguntou ele, perplexo.
-Ahah, apanhei-te! – exclamou Lenny. Draco fez um sorriso sarcástico.
-Ora deixa-me cá ver se tens cócegas, Lenny – ele aproximou-se dela.
-Não, não, não! – Draco começou a fazer cócegas a Lenny, mas esta conseguiu ripostar e fez cócegas a Draco.
-Ok, ok, eu rendo-me! – disse ele a custo, dobrando-se. Depois Lenny virou-se para a frente, passou o cabelo para o lado direito do pescoço e lentamente (e um pouco sedutoramente, afinal, estava com Draco), deslizou a manga esquerda da camisola para baixo, revelando a tatuagem.
-Agora faz-me lá o feitiço – pediu ela.
-Ok – Draco pronunciou o feitiço e depois, tal como nele, os números desapareceram da pele de Lenny. Esta sentiu o toque frio de Draco na sua pele, e daí a momentos os seus lábios tocaram no ombro dela. Um arrepio quente e bom percorreu todo o corpo de Lenny e o coração dela – bem como o dele – começou a bater mais depressa. Depois Draco percorreu o pescoço de Lenny com beijos até chegar à sua orelha, fazendo-lhe cócegas agradáveis. Em seguida fê-la virar-se para si, ela puxou a manga da camisola para cima e Draco tocou com o seu nariz no de Lenny, os seus lábios tocando-se em seguida.
-Eu disse que eles iam estar na marmelada! – Draco e Lenny separaram-se abruptamente quando ouviram a voz de Adrian, que se encontrava à porta do compartimento com Blaise, Daphne e Pansy. Esta última tinha um olhar furioso na cara, indo-se embora em seguida.
-Vínhamos perguntar-vos se já se queriam juntar a nós, mas parece-nos que preferem continuar a sós – sorriu Blaise travessamente. Assim, ele e os outros regressaram ao seu compartimento, deixando Lenny e Draco novamente sozinhos.
Passaram o resto da viagem juntinhos um ao outro, não só na “marmelada” como Adrian apelidara, mas também a conversar e a divertirem-se. Não sairiam juntos do comboio com medo de se depararem com as suas famílias à espera, pelo que quando este parou na estação de Londres, Lenny perguntou:
-Escreves-me pelo diário-logo e vemo-nos pelo espelho de duas faces, certo?
-Claro – disse Draco. Depois deram um último beijo, intenso e demorado. Saíram do compartimento, Lenny despediu-se dos seus amigos Slytherin e misturou-se com os alunos que saíam do comboio. Pegou no carrinho com as suas malas e as gaiolas de Hedz e de Shy, encontrando Harry, os Weasley, Hermione, Neville e Luna.
Despediu-se dos últimos dois e depois passou o muro com os primeiros. Aí esperavam as famílias Gant, Weasley e Granger, que conversavam entre si. Tinham vindo os pais de Lenny bem como a avó, Molly e Arthur Weasley e os pais de Hermione. Os jovens correram a abraçar os respetivos familiares, saudando-se animadamente.
-Eu já convidei a Lenny e a família a irem à Toca, mãe – disse Ginny a Molly.
-Também estava a falar disso agora e o Michael, a Melanie e a Christine aceitaram de bom grado – alegou Molly – e claro, os teus pais e tu também estão convidados, Hermione.
Após conversarem mais um pouco, as famílias despediram-se e separaram-se e Lenny foi com os pais e a avó para casa. 

sábado, 12 de abril de 2014

Tatuagens

-Vocês o quê? – perguntou Draco no dia seguinte quando Lenny lhe contou sobre a corrida de vassouras enquanto se dirigiam ao Salão Nobre para tomar o pequeno-almoço.
-Foi divertido! – justificou-se Lenny.
-Não acredito que te andaste a divertir sem mim – disse Draco, fazendo beicinho.
-Parvo – riu Lenny.
-Um beijo para compensar? – sugeriu Draco atrevidamente.
-Não te estiques – sorriu Lenny em resposta.
-Queres vir a Hogsmeade comigo hoje à tarde? – perguntou-lhe Draco – como é a última semana de aulas antes das férias podemos ir lá nos tempos livres.
-Claro – concordou Lenny.
Assim, quando acabaram as aulas (perto das três da tarde) Lenny e Draco dirigiram-se a Hogsmeade. Havia mais alguns alunos a ir àquela hora e em pouco tempo chegaram.
-Queres ir às Três Vassouras? – interpelou Lenny.
-‘Bora – acedeu Draco. Depois de terem bebido cada um uma cerveja de manteiga, foram dar um passeio a ver as montras das lojas. A certa altura, Lenny parou em frente a uma das lojas, pois acabara de lhe ocorrer uma ideia.
A loja chamava-se “Tatoo Artist” e tinha um anúncio na montra que dizia “Rápidas, sem dor, higiénicas tatuagens”. Lenny lembrava-se vagamente de ter visto uma loja igual em Diagon-Al.
-Lenny… que estás a pensar? – perguntou Draco quando ela entrou na loja. Esta sorriu.
-Quero fazer uma tatuagem – respondeu.
-Tens a certeza?
-Os feiticeiros não têm que ter receios como os Muggles. As tatuagens no mundo da feitiçaria são rápidas, higiénicas e fáceis de colocar, e podem ser facilmente removidas ou "desaparecerem" através de um feitiço de invisibilidade. Duram quanto tempo nós quisermos e não são feitas com todo o tipo de agulhas e equipamentos dolorosos – Lenny sorriu ao ver a cara sobressaltada de Draco – por isso, sim, tenho a certeza. Além disso, sou maior da idade, não tenho de pedir autorização.
-Boa tarde. Em que posso ajudar? – perguntou o dono da loja, saindo detrás do balcão. A loja era colorida, com livros cheios de imagens de tatuagens, quadros, e próprias tatuagens inscritas nas paredes. O dono da loja devia estar nos seus cinquenta anos.
-Gostaria de fazer uma tatuagem – disse Lenny.
-És maior de idade, certo? – interrogou o homem.
-Sou – respondeu Lenny.
-Paul, chega aqui! – chamou o dono da loja. Uma porta ao fundo da loja abriu-se, donde saiu um rapaz que não devia ter mais que vinte anos. Tinha cabelo preto e olhos verdes, e muitas tatuagens no corpo.
-Sabem, agora é o meu filho, Paul, que faz as tatuagens. Uma para a miss – disse o dono da loja.
Draco não parecia muito satisfeito com aquilo, mas não disse nada, seguindo Paul e Lenny para a sala adjunta de onde Paul tinha saído momentos antes. Esta era bem iluminada, mas como os feiticeiros não usavam nada das maquinetas e instrumentos que os Muggles usavam para fazer tatuagens, a sala continha apenas vários panfletos nas paredes com recomendações, avisos, etc.
-Já sabes qual é a tatuagem que queres? E onde? – perguntou Paul.
-Sim – afirmou Lenny decididamente, para grande espanto de Draco – uma data na parte detrás do ombro esquerdo. 9 de Março de 1999.
E sorriu endiabradamente para Draco. Este arregalou os olhos e as suas faces cobriram-se de um vermelho imenso quando percebeu o que aquela data representava para ambos.
-Uma data especial, hã? – Paul sorriu-lhe e piscou-lhe o olho – queres por extenso ou…
-Assim – disse Lenny, desenhando os números no ar com a sua varinha: 09. 03. 99 - a preto.
-Muito bem, então – Paul pegou na sua varinha e Draco sentiu uma pontada de ciúmes quando Lenny deslizou a manga da sua camisola e ficou com o ombro esquerdo à mostra, revelando a alça do seu sutiã. Lenny passou o cabelo para o lado direito do pescoço e o rapaz apontou a varinha para o ombro esquerdo de Lenny, onde momentos depois, sem qualquer dor, apenas com umas leves cócegas, apareceu 09. 03. 99 inscrito na pele de Lenny, na parte detrás do seu ombro esquerdo. Com um espelho, o tatuador mostrou-lhe a tatuagem e Lenny sorriu.

Representação da tatuagem de Lenny
-Gostas?
-Está perfeita. Obrigada! – exclamou Lenny.
-É tudo? – questionou Paul.
-Não – disse Draco – também gostava de fazer uma. Igual, com a mesma data. Aqui – apontou ao longo do torso, indicando que a tatuagem ficaria na vertical.
Paul preparou a varinha, Draco puxou a camisa para cima revelando um tronco musculado, e a data apareceu inscrita no torso dele. Foi a vez de Lenny corar um pouco.

Tatuagem de Draco

-Pronto – disse Paul, guardando a varinha. Depois falou-lhes em aspetos que deviam ter em consideração sobre como cuidar das tatuagens e que se as quisessem remover que podiam vir ter com ele. Em seguida, abriu a porta que dava acesso à loja – cinco galeões cada uma.
-Eu pago – disse Draco a Lenny.
-Não. Eu pago – replicou Lenny e teriam discutido aquilo o dia inteiro senão fosse o dono da loja dizer:
-E se cada um pagar a sua? – e depois soltou uma gargalhada. Assim foi e depois Lenny e Draco saíram da loja.
-Só tu para me levares a fazer uma coisa destas, Len – censurou Draco com um sorriso.
-Eu não disse para tu fazeres uma – contrapôs a rapariga.
-Mas é uma data tão especial que eu não podia ver-te fazeres uma sem eu fazer também – redarguiu Draco.
-Lá isso é verdade – concordou Lenny, sorrindo. Depois Draco pôs-lhe a mão na cintura e puxou-a para si, beijando-a apaixonadamente.
Pena não terem notado quem os viu naquele preciso momento. 

sexta-feira, 11 de abril de 2014

Dia das Mentiras

Os dias passaram e já não chovia tanto. Anastacia não falou uma única vez com Lenny, e vice-versa. 
As aulas iam ficando mais complicadas e difíceis, com as revisões para os exames, os exercícios complexos, os feitiços práticos e os resumos e longos trabalhos de casa. Assim, a maioria dos alunos do quinto e do sétimo ano passavam as horas livres na salas comuns ou na biblioteca com a cabeça enterrada nos livros, alguns começando já a stressar com os exames finais. Lenny não se encontrava particularmente nervosa, mas sabia que ia ficar quando estivessem mais próximos dos EFBE’s. 
Lenny foi uma das melhores no curso de Materialização: ao fim de algumas aulas já sabia Aparecer e Desaparecer como alguém experiente.
A poucos dias do início das férias da Páscoa, que começariam a 5 de Abril, chegou o dia 1 de Abril: dia das mentiras e o dia de aniversário dos gémeos mais populares de Hogwarts: Fred e George Weasley. 
-Vão fazer uma festa na Sala das Necessidades? - perguntou-lhes Hermione na véspera.
-Não - respondeu Fred com um sorriso enigmático.
-Combinámos algo para os nossos amigos mais chegados - completou George.
-A sério? Nada de festas de arromba, com montes de gente? - questionou Ginny, surpresa.
-Aquilo que estamos a planear fazer não pode ser com muita gente - finalizou Fred, o sorriso misterioso ainda no rosto. 
Por fim, chegou o dia 1 de Abril. De manhã, entrou na sala comum dos Slytherin, que estava vazia à exceção de Draco. Este estava muito sério.
-Está tudo bem? - perguntou-lhe Lenny. Draco passou a língua pelos lábios, pensativo. Depois fitou Lenny bem nos olhos, dizendo:
-Desculpa, Lenny, mas... não sei... acho que não está a dar certo... e temos de...
A cara de Lenny passou de boquiaberta a confusa, e depois a triste. Não podia ser, Draco não estava a acabar com ela! 
-Feliz dia das mentiras, Lenny! - exclamou Draco, desatando a rir-se às gargalhadas - a sério, devias ter visto a tua cara!
-Draco Lucius Malfoy, nunca mais me voltes a fazer uma coisa destas!  - exclamou Lenny, a cara vermelha - tens noção do susto que me pregaste? 
Draco tentou ficar sério, mas a tentativa não resultou muito bem.
-Desculpa, Lenny, mas...
Lenny cruzou os braços sob o peito.
-Acho que agora sou eu que quer acabar contigo.
-Lenny, pára de brincar, vá lá, desculpa...
-Quem disse que eu estava a brincar? - Lenny franziu o sobrolho maliciosamente. Na cara de Draco deixaram de haver réstias de diversão. Agora estava sério e preocupado - apanhei-te!
Agora era a vez de Lenny se rir. 
-Não teve piada! - contestou Draco, enquanto Lenny se sentava no sofá para se apoiar em algo. Já lhe doía o estômago de tanto rir e tinha lágrimas nos olhos. 
-Claro que não! - riu Lenny. Draco saltou para o sofá.
-Ai é assim? - sorriu Draco - já vais ver!
Com isto, fez cócegas a Lenny, que se contorceu para se libertar. Lenny estava agora deitada no sofá com Draco por cima dela, que não parava de lhe fazer cócegas. 
-Céus, não acham que deviam guardar isso para a noite? - resmungou Blaise com um sorriso quando entrou na sala comum. Draco parou de fazer cócegas a Lenny e os dois sentaram-se no sofá, endireitando-se e compondo a roupa e o cabelo. 
-Cala-te, Blaise - replicou Draco, levantando-se e cumprimentando-o com um daqueles abraços-apertos-de-mão que os rapazes dão. 
-Bom, vou deixar-vos sozinhos a fazerem... sei-lá-o-quê - disse Blaise, dirigindo-se à porta da sala.
-Vais descer para o Salão Nobre? - perguntou Draco.
-Sim. Os dois pombinhos querem vir comigo?
-Claro - acedeu Draco.
-Não estejam à espera que faça de vela - sorriu Blaise e os três dirigiram-se ao Salão Nobre, tagarelando amigavelmente. 

*

-Quem me dera saber o que os Weasley andam a tramar - disse Pansy ao pequeno-almoço - é tão estranho não irem fazer uma festa... ou se calhar vão, mas só para os amigos mais chegados. 
-Com pena de não ires a uma festa dos ruivos, Pansy? - provocou Blaise.
-Por muito que não goste deles não posso dizer que não gosto das festas deles - disse Pansy.
-Vê lá o que é que vocês fazem - murmurou Draco a Lenny - não te metas em nada maluco. Nunca se sabe, com eles.
-Eu tenho cuidado, pai, não te preocupes - sorriu Lenny, mas ela também não sabia o que Fred e George tinham planeado. Sabia apenas que tinha de ir ter com eles à Torre de Astronomia depois do jantar.
E assim, quando a noite chegou e o jantar acabou, Lenny encontrou-se com Fred, George, Harry, Ron, Hermione, Ginny, Neville, Luna, Seamus Finnigan, Dean Thomas, Lee Jordan, Angelina Johnson, Katie Bell e mais uma ou duas pessoas que Lenny só conhecia de vista, na Torre de Astronomia.
-Ainda bem que puderam vir todos - começou Fred.
-Afinal, o que vamos fazer? - perguntou Ginny com impaciência.
-E porque trouxeram todas essas vassouras? - questionou Hermione, olhando para as várias vassouras que Fred e George tinham consigo. Os dois sorriram e disseram ao mesmo tempo:
-Decidimos fazer uma corrida de vassouras sobre o rio Tamisa.
-O quê? - Hermione arregalou os olhos - estão a gozar! É perigoso e os Muggles podem ver...
George pegou na varinha, pronunciando um feitiço, enquanto Fred disse:
-É por isso que o George está agora a colocar um feitiço da Invisibilidade em todos nós. Então, quem alinha?
-Eu não vou - disse logo Hermione. Os gémeos suspiraram.
-Já estávamos à espera. Mas então assegura-te que nenhum professor nos apanha. Há mais alguém que se quer cortar ou podemos contar com vocês?
Hermione revirou os olhos, mas decidiu não argumentar. Como todos os outros acederam em ir, Fred e George deram uma vassoura a cada um.
-Vocês vão mesmo alinhar nisso? - perguntou Hermione, enquanto os outros montavam nas vassouras.
-Deixa-os lá, Hermione - disse Fred - preparados? Vamos!
Fred e George levantaram voo, seguidos pelos outros. Lenny não sabia bem o que estava a fazer, mas a adrenalina entusiasmava-a. Sabia bem sentir o vento a fustigar-lhe a cara, o barulho suave das vassouras. Sentia-se rebelde e aquilo era divertido. Sobrevoaram Hogwarts e dirigiram-se para Hogsmeade. Aí, Materializaram-se e Apareceram em Londres. A cidade estava iluminada e eles rasaram o rio Tamisa. Lenny colocou uma das mãos dentro de água, que estava fria.


-Isto é o máximo! – gritou Ron e os outros seguiram-lhe o exemplo, gritando e cantando. Depois, já cansados, Materializaram-se novamente, Aparecendo em Hogsmeade. Daí voaram novamente para Hogwarts, aterrando na Torre de Astronomia, era já perto da meia-noite.
Hermione ainda lá estava, sentada no chão a ler um livro e prestes a adormecer.
-Finalmente chegaram! – exclamou ela enquanto os outros desciam das vassouras – estava a ver que não!
-Foi brutal, Hermione – disse Ginny.
-Modéstia à parte, nós temos sempre boas ideias – sorriu George.
-Agora é melhor irmo-nos deitar – declarou Hermione, um pouco irritada com os sorrisos tolos que todos apresentavam após aquela corrida alucinante e refrescante. 

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Debaixo de um chorão

Nesse mesmo dia, à hora de almoço, depois de Lenny se ter inscrito no curso de Materialização, Draco e ela foram fazer os trabalhos de casa à sombra de um chorão. O dia estava ameno e um sol tímido aparecia por detrás das nuvens.
-Acho que já escrevi bezoar mais de cem vezes – admitiu Lenny, pousando o pergaminho e a pena na relva, cansada do relatório de Poções que tinha de fazer.
-Não é assim tão difícil – redarguiu Draco.
-Isso dizes tu, o melhor a Poções. És melhor que a Hermione e isso é dizer alguma coisa! O Slughorn adora-te, a sério. Acho que mesmo que fosses de outra casa que não Slytherin, ele continuaria a adorar-te mais do que a alguns Slytherins – fez ver Lenny.
-A culpa não é minha de ser tão bom – sorriu Draco, travessamente – queres que eu te faça isso?
-Não, deixa estar – disse Lenny, olhando para o tronco da árvore. Depois teve uma ideia – não sei se os feiticeiros têm o hábito de fazer isto, mas na escola onde eu andei, havia muitos Muggles que o faziam… claro que gravavam com pedras ou paus, mas…
Lenny pegou na sua varinha, apontou-a ao tronco da árvore e murmurou um feitiço, ao mesmo tempo que desenhava no ar as letras, que seguidamente apareciam gravadas no casco da árvore.


-Tenho de admitir que às vezes os Muggles têm boas ideias – sorriu Draco, segurando Lenny pela cintura e beijando-lhe o cabelo.
-Esqueces-te que tu próprio gravaste uma frase numa rocha não há muito tempo atrás – riu Lenny e Draco sorriu também.
-Achas que isto ainda aqui vai estar quando os nossos filhos vierem para Hogwarts? – questionou ele, apanhando Lenny desprevenida. Ela arregalou os olhos e corou. Nunca pensara nisso: casamento e filhos eram duas palavras difíceis e um pouco surreais para ela. Afinal, era um grande passo e um grande compromisso.
-Não sei – confessou ela e depois acrescentou, um pouco em tom de brincadeira – quantos filhos gostarias de ter?
Draco sentou-se, encostado à árvore, e Lenny seguiu-lhe o exemplo, sentando-se ao seu lado. Depois o rapaz respondeu:
-Pelo menos dois. Um rapaz e uma rapariga. O rapaz seria o irmão mais velho - afirmou Draco, embora soubesse que essas coisas iam além da sua decisão.
-É - concordou Lenny - e a casa?
-Grande como a minha não - disse logo Draco - afasta as pessoas.
-Sim, tinha de ser confortável e não demasiado grande. E ter um jardim. Com uma casa na árvore - sorriu Lenny. 
-Mais uma mania Muggle? - perguntou Draco, sorrindo.
-As casas nas árvores são lugares sossegados e acolhedores. Fazem uma pessoa sentir-se segura, percebes? Tipo um esconderijo, um porto seguro - explicou Lenny.
-Não percebo porque é o que o meu pai odeia tanto os Muggles e mos fez odiar também. Parecem afáveis.
-Não tens que ser como o teu pai, Draco - declarou Lenny - não és.
-Agora já não - os olhos cinzentos de Draco brilharam - é pena a minha mãe não ter conseguido mudar o meu pai da mesma forma que tu me mudaste.
-Aposto que vais ser um grande pai - afirmou Lenny com sinceridade, fitando os olhos profundos de Draco. Ele sorriu levemente, abraçando-a.  


*

No final dessa semana, sexta-feira, 14 de Março, começou o curso de Materialização. Lenny encaminhou-se para o Salão Nobre, com mais alguns alunos, maioritariamente do sexto ano. No Salão Nobre as longas mesas tinham sido retiradas e agora encontravam-se no chão, com espaços regulares entre si, arcos com um diâmetro de um metro. Um profissional do Ministério apresentou-se e explicou-lhes o que deveriam fazer: cada um deveria posicionar-se dentro de um arco, concentrar-se e imaginar Desaparecer e Aparecer no outro lado da sala. Após várias tentativas falhadas, Lenny foi uma das primeiras pessoas a conseguir Materializar-se totalmente. Sentia a cabeça tonta e o estômago às voltas, mas não perdera nenhum membro pelo caminho, como acontecera a alguns outros alunos que tiveram de ser levados à Ala Hospitalar. 
-Muito bem, miss...
-Lenny Gant - disse Lenny ao profissional do Ministério. 
-Oh, ouvi falar de si... não creio que tenha dificuldades em passar no exame e em obter a licença - depois o homem dirigiu-se ao centro da sala, dizendo: - o exame será depois das férias da Páscoa. Até ao início das mesmas continuaremos com as lições. Por hoje é tudo.
Um pouco exausta, Lenny saiu do Salão Nobre conjuntamente com os outros alunos.

quarta-feira, 2 de abril de 2014

Regresso

Lenny adormeceu com a cabeça aninhada no peito de Draco, na cama de rede. Quando acordou, na segunda-feira, apanhou Draco a observá-la. Ela ainda estava com o vestido azul da festa e Draco com os seus calções e camisa.
-Bom dia – cumprimentou Lenny.
-Bom dia – sorriu Draco. Levantaram-se e saíram da rede, sentindo a areia fina nos pés.
-Achas que deram pela nossa falta? – questionou Lenny enquanto tentava em vão desamarrotar o vestido.
-Não sei – respondeu Draco – mas é provável. Já passa das dez da manhã e já deve haver gente a fazer as malas.
Lenny sentiu uma sensação agridoce. Por um lado, fora mágico o tempo que passara ali nas Caraíbas, mas por outro já ansiava pelo ambiente acolhedor de Hogwarts, pelas cartas dos pais e da avó e por Hedz e Shy.
-Nunca esquecerei o que aconteceu – disse Lenny, fitando a frase que Draco gravara na rocha do ninho de amor. Lenny reproduzira através dum feitiço uma foto em que Lenny e Draco se beijavam no ninho de amor, e outra em que se encontravam aninhados na cama de rede e em que se via a estrela cadente no céu, como se fossem gifs. Depois duplicara-os, oferecendo duas molduras a Draco. Tinha também vários outros momentos em “gif”, como quando estava com os amigos Gryffindor a tentar pôr-se em cima de colchões ou quando beijava Draco debaixo de água bem como uma moldura com um “gif” com todos a dançar, na festa do dia anterior.
-Nem eu – declarou Draco. Depois, um pouco melancólicos, começaram a arrumar as coisas do ninho e Lenny desfez a cama de rede. Olhando uma última vez para aquele local mágico, Materializaram-se atrás da cabana cinco, abrigados pelas palmeiras e depois partiram cada um para a respetiva cabana. Lenny entrou pela janela do quarto, que não tinha ninguém. Depressa tirou o vestido, arrumou-o e vestiu uma roupa casual. Penteou-se e depois foi à casa de banho lavar os dentes e a cara. Quando começou a fazer a mala, Daphne entrou no quarto.
-Então, vais dizer-me onde passaste a noite?
Lenny corou.
-Que queres dizer?
Daphne cruzou os braços sob o peito, fazendo um sorriso gozão.
-Quero dizer que sei somar dois mais dois. A tua cama estava vazia ontem à noite e hoje de manhã, e falei com o Adrian, que me confirmou que o Draco também não dormiu na dele.
-Bom, eu… ele… nós… - gaguejou Lenny, sem conseguir encontrar uma desculpa.
-Não precisas de dizer nada – sorriu Daphne, que já não ficava tão embaraçada com estas coisas como costumava ficar.
-Não é nada disso! – defendeu-se Lenny – eu o Draco só fomos dar um passeio e acabámos por adormecer, mais nada.
-Como queiras – riu Daphne – já agora, temos de ter as malas prontas e de estar prontos a partir até ao meio-dia. Depois almoçamos e vamos para o aeroporto. Adeus, sol, adeus Caraíbas, adeus rapazes em tronco nu!
-Vê lá se o Adrian te ouve – brincou Lenny.

*

Por fim, depois do almoço, estavam todos prontos a partir. Cada aluno teria de ir ter com o seu Chefe de Equipa para fazer a chamada e irem todos juntos para o local de encontro na zona dos Gryffindor. Aí, depois de uma nova chamada e de verificarem que todos os alunos, professores e funcionários se encontravam presentes, entraram nos autocarros que os levariam ao aeroporto.
-Foram as melhores férias da minha vida – desabafou Ron no aeroporto, enquanto esperavam pelo desembarque do avião.
-A quem o dizes – concordou Harry.
Lenny levantou-se para ir à casa de banho e Hermione e Ginny seguiram-na. Quando se certificaram que não estava ninguém nos cubículos a espiar, e após usarem o feitiço Muffliato por precaução, Ginny perguntou:
-Então, já nos vais contar o que aconteceu de tão especial para estares tão feliz?
-Não – disse Lenny, esperando não corar.
-Tu e o Draco… - voltou Ginny à carga, mas calou-se pois Lenny olhou-a como que a terminar a conversa. Não queria partilhar aquilo com ninguém, era algo íntimo e só dos dois. Em seguida saíram da casa de banho e foram ter com os outros e finalmente, embarcaram no avião, dizendo adeus às Bahamas, nas Caraíbas. 


*

A viagem passou depressa, com Blaise e outros rapazes a meterem conversa com as hospedeiras de bordo e Lenny e Draco juntos, agora com Draco no lado da janela, sem falarem, apenas a apreciarem a companhia um do outro. Por fim, já era quase de noite, o avião desembarcou no aeroporto, e após caminharem um bom pedaço, sem serem vistos, chegaram a Hogwarts. E todos sentiram saudades. Os portões encontravam-se firmemente fechados, mas a diretora abriu-os e os alunos, cansados e sonolentos, quase sem falarem, caíram nas respetivas camas, adormecendo em seguida, e os seus sonhos foram maioritariamente povoados por sol, praias, mar e calor. 

*

Terça-feira, dia 11 de Março, ninguém se queria levantar para voltar à rotina das aulas. Embora tivessem saudades, agora que tinham de se levantar cedo após umas mini férias sem fazer nada a não ser divertirem-se, custava a todos voltar às aulas. Lenny, com esforço, arrastou-se da cama, escreveu uma carta aos pais e à avó, que era suposto ser curta mas que ficou grande, onde relatou as suas férias, disse como tinham sido divertidas, sem mencionar, claro, os momentos com Draco. Depois acariciou Shy e Hedz, que os pais já tinham enviado de volta, e desceu para o pequeno-almoço no Salão Nobre. Aí, muita gente apresentava cara de sono, mas outros, mais despertos, comentavam as férias que tinham tido.
-Devia ser feriado hoje também - resmungou Pansy, quando quase enterrou a cara na sua taça de cereais por ter tanto sono. 
-Alunos - chamou a diretora, da mesa dos professores - antes de mais quero dizer-vos que espero que tenham tido umas boas mini férias, mas agora está na altura de regressar ao trabalho e aos estudos. Quero que se empenhem a sério, não só os alunos do quinto e do sétimo ano, mas também todos os outros e para isso é preciso que haja concentração, força de vontade e curiosidade em aprender. Além disso, o curso de Materialização vai começar daqui a poucos dias, e todas as pessoas do sexto ano para cima podem ir às lições, e por isso devem inscrever-se. Aqueles que tiverem dezassete anos ou mais antes do teste, poderão fazê-lo e obter uma licença de Materialização fornecida pelo Ministério . Sei que muitos de vocês já sabem Aparecer e Desaparecer, mas todos os alunos que já atingiram a maioridade e ainda não tiverem a licença devem fazer um novo teste para a obterem. Claro está que todos os alunos com menos de dezassete anos não poderão fazer o teste. Mais alguma dúvida ou informação é só falar com um professor. Agora, bom apetite.
A professora McGonagall tornou a sentar-se e as conversas recomeçaram. Lenny era uma das poucas alunas com mais de dezassete anos que ainda não sabia Materializar-se.
-É difícil? - perguntou ela a Draco.
-Depende. Para ti, vai ser canja, de certeza - respondeu Draco - não te preocupes. 
Lenny sorriu-lhe, agradecida. Apesar de ter vivido momentos inesquecíveis e espetaculares nas Caraíbas, sabia bem estar de volta a Hogwarts.