Dez dias passaram, e era agora 25 de Fevereiro. O tempo passara de neve a chuva. Nesse dia, ao pequeno-almoço tudo
decorreu com normalidade, mas em Transfiguração as coisas mudaram de figura.
No início da aula a professora McGonagall anunciou:
-Temos uma nova
aluna na turma, que saiu da Academia Mágica de Artes Dramáticas e que agora foi
colocada nos Hufflepuff. Por favor, deem as boas-vindas a Anastacia Jonathan!
Os olhos de Lenny arregalaram-se
ao mesmo tempo que o cérebro dela fazia a ligação e a rapariga com cabelos
louros platinados e grandes olhos azuis-céu entrou na
sala. Era a filha de Carl Jonathan, metade Veela, que Lenny conhecera quando fora a Hogsmeade pela primeira vez. A grande maioria dos rapazes
ficou embasbacado, as raparigas a revirarem os olhos e a mirá-la, ciumentas. Ela
sorriu docemente.
-Por favor,
Anastacia, senta-te num dos lugares livres. E agora vamos começar a aula – disse McGonagall. Lenny
virou-se para trás. Estava sentada ao lado de Daphne e sabia que Draco estava
lá atrás sentado sozinho. Lenny engoliu em seco quando viu Anastacia sentar-se ao lado de Draco. Ele parecia desinteressado a princípio, mas depois
viu-a e reconheceu-a. Lenny sentiu ciúmes, mas tentou agir como se nada se
passasse. McGonagall pediu: – abram os livros na página 132.
Lenny pegou na sua
mala, procurando pelo livro, mas antes de o encontrar os seus dedos apalparam o
tecido macio da carteira verde que Draco lhe oferecera pelo dia dos Namorados.
Lenny agarrou-a com força, como se naquele momento a carteira fosse a única coisa que a ligasse
a Draco.
*
No primeiro dia de
aulas de Anastacia ela já conseguira juntar uma data de pontos para os Hufflepuff
e já era falada por todas as bocas da escola não só por ser a aluna nova mas
principalmente porque era metade Veela e ser muito bonita. Lenny olhara
discretamente por cima do ombro algumas vezes durante a aula de Transfiguração
e não lhe agradara o que vira: Draco sorria ao falar com ela e Anastacia
também.
-Porque é que ela tinha
que vir logo para Hogwarts? – resmungou Lenny nesse dia à hora de almoço junto
a Daphne, Adrian e Blaise Zabini. Adrian e Daphne tinham assumido a sua relação
há pouco tempo e Blaise parecia ser um dos Slytherin mais fixes, e um dos
melhores amigos de Draco. Estavam os quatro sentados na relva, agora já sem
neve, perto de uma árvore.
-Isso são ciúmes,
Lenny? – perguntou Adrian, sorrindo.
-Ele falou a aula
toda de Transfiguração com ela! Estava a falar-lhe do quê, das instalações da
escola? – ironizou Lenny, cruzando os braços sob o peito – ele é o Draco
Malfoy, por amor de Deus, devia ser o primeiro a ignorá-la!
-Bom, mas tu
mudaste-o, não foi? – retorquiu Daphne.
-É só porque ela é
gira – replicou Lenny. Sabia que se estava a comportar como uma miúda mimada,
mas os ciúmes levavam a melhor.
-Não, Lenny –
afirmou Blaise firmemente – ele mudou. Para melhor. E foi por causa de ti,
devias sentir-se lisonjeada.
-Ok, talvez ele
tenha mudado, mas não me parece que mesmo assim ele fosse estar o tempo todo a
falar com uma aluna nova, muito menos dos Hufflepuff, ao contrário do que está
a acontecer com a Anastacia – os outros calaram-se perante esta conclusão.
Sabiam que Lenny estava certa, Draco não mudara radicalmente e Lenny também não
queria isso. Ela gostava da parte de “bad
boy” dele e sabia que Draco só conversava com Anastacia porque ela era
metade Veela.
-Mesmo assim, acho
que não te deves sentir ameaçada – continuou Blaise – só porque o Draco fala
com ela não quer dizer que…
-Estavam a falar de
mim? – perguntou uma voz. Draco. Lenny olhou para cima, sentindo borboletas no
estômago. Depois engoliu em seco e desviou o olhar quando viu quem vinha com
ele.
-Bom, nós estávamos
só… - ia Blaise dizer, mas Lenny interrompeu-o.
-A perguntar-nos
onde estarias. Mas parece que já temos a resposta – Lenny levantou-se abruptamente,
encarando Draco nos olhos. O olhar dele parecia confuso.
-O quê?
-Aproveita a
companhia – declarou Lenny, passando por eles e caminhando em direção ao
castelo. Engoliu em seco e não conseguiu evitar olhar por detrás do ombro.
Draco não estava a olhar para ela, mas os olhos brilhantes de Anastacia
fixavam-na intensamente.
*
Draco, fazendo sinal
a Blaise, deu a desculpa de ter de ir buscar algo ao dormitório e Blaise foi
atrás dele.
-O que foi aquilo da
Lenny? – desabafou Draco, caminhando em direção ao castelo.
-Achas que o teu
comportamento está a ser normal, Draco? – criticou Blaise. Ele olhou-o,
espantado.
-Que queres dizer?
-Quer dizer, anda
toda a gente a estranhar! Andas todo sorrisinhos e conversas com a miúda nova e
isso não é nada natural em ti!
-Mas não sou o
único! – contestou Draco. Blaise olhou-o duramente.
-Mas tu tens
namorada e eles podem não ter! – exclamou ele – uma namorada que não merece
andar roída de ciúmes porque um certo tipo anda a babar-se por cima de uma
miúda que só viu uma ou duas vezes e que é metade veela.
Draco sentiu a culpa
a invadi-lo e engoliu em seco.
-A Lenny está com
ciúmes da Anastacia? – perguntou, lentamente. Blaise fez que sim com a cabeça.
-Não me digas que
ainda não tinhas percebido. Ou estavas demasiado ocupado com a Anastacia para
reparar?
-Cala-te, Blaise - retorquiu Draco. Calou-se ao ver Lenny de pé a fitar a lareira da sala comum dos Slytherin.
-Vou andando - sussurrou Blaise, fazendo sinal a Draco para ir falar com Lenny e saindo da sala comum.
-Não tens mais nenhum sítio para mostrar à Anastacia? - perguntou Lenny ironicamente, virando-se para encarar Draco e cruzando os braços sob o peito - talvez... a Sala das Necessidades?
-Deus, não sabia que conseguias ficar assim tão ciumenta - disse Draco, sorrindo levemente. Lenny não achou piada e o sorriso do rapaz esmoreceu.
-Eu até posso estar a agir de forma ciumenta, mas tu não podes dizer que não andas a agir de forma estranha - constatou Lenny.
-Só estou a tentar ser simpático uma vez na vida! - exclamou Draco, com a voz acima do tom normal.
-Simpático com uma miúda gira dos Hufflepuff! - indagou Lenny no mesmo tom de voz. Só havia dois Slytherin além deles àquela hora na sala, mas naquele momento decidiram ir-se embora.
-Bom, eu não digo nada quando tu te ris com os gémeos Weasley ou com o Adrian! - protestou Draco.
-Isso é porque não tens nada que ficar chateado! O Adrian anda com a Daphne e o Fred e o George metem-se com toda a gente. E eles são meus amigos, enquanto tu só viste a Anastacia duas vezes! - agora Lenny estava praticamente a gritar.
-Então peço desculpa por estar a tentar ser simpático! - ironizou Draco - não vou parar de falar com ela só porque decides ficar toda cheia de ciúmes!
-Ainda bem! - deixou Lenny escapar - então pronto.
-Sim, pronto - concordou Draco, ambos com fúria no olhar. Lenny fulminou-o e saiu da sala como um tornado, lutando contra as lágrimas. Nunca tivera uma discussão assim com Draco, nem mesmo quando nem sequer eram amigos. E doía-lhe tanto... mas eram os dois orgulhosos e nenhum queria dar o braço a torcer. Nenhum queria reconhecer que o outro é que tinha razão, nenhum sabia verdadeiramente qual dos dois tinha razão. Mas se Lenny tivesse ficado mais um pouco perto da sala comum dos Slytherin teria ouvido Draco a dar um pontapé num dos sofás. Ele estava tão chateado e magoado como ela.
-Só estou a tentar ser simpático uma vez na vida! - exclamou Draco, com a voz acima do tom normal.
-Simpático com uma miúda gira dos Hufflepuff! - indagou Lenny no mesmo tom de voz. Só havia dois Slytherin além deles àquela hora na sala, mas naquele momento decidiram ir-se embora.
-Bom, eu não digo nada quando tu te ris com os gémeos Weasley ou com o Adrian! - protestou Draco.
-Isso é porque não tens nada que ficar chateado! O Adrian anda com a Daphne e o Fred e o George metem-se com toda a gente. E eles são meus amigos, enquanto tu só viste a Anastacia duas vezes! - agora Lenny estava praticamente a gritar.
-Então peço desculpa por estar a tentar ser simpático! - ironizou Draco - não vou parar de falar com ela só porque decides ficar toda cheia de ciúmes!
-Ainda bem! - deixou Lenny escapar - então pronto.
-Sim, pronto - concordou Draco, ambos com fúria no olhar. Lenny fulminou-o e saiu da sala como um tornado, lutando contra as lágrimas. Nunca tivera uma discussão assim com Draco, nem mesmo quando nem sequer eram amigos. E doía-lhe tanto... mas eram os dois orgulhosos e nenhum queria dar o braço a torcer. Nenhum queria reconhecer que o outro é que tinha razão, nenhum sabia verdadeiramente qual dos dois tinha razão. Mas se Lenny tivesse ficado mais um pouco perto da sala comum dos Slytherin teria ouvido Draco a dar um pontapé num dos sofás. Ele estava tão chateado e magoado como ela.
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