Na terça-feira, dois dias depois do domingo de Páscoa, recomeçavam as
aulas. Lenny regressaria a Hogwarts e se isso geralmente significava
felicidade, agora significava estudar para os EFBE’s e pior, ter de enfrentar
os amigos e de ignorar Draco. Lenny não contactara Draco e não sabia o que
fazer. Por um lado não o queria ignorar, mas por outro sabia que seria pior se
não o fizesse. Só não sabia como lhe havia de dizer nem como Draco ia reagir. Seria
dificílimo ter de ver Draco a toda a hora, nas aulas, na sala comum, no Salão
Nobre, e não poder falar com ele. Quanto mais pensava nisso mais Lenny começava
a querer desrespeitar as regras dos pais, mas eles estariam atentos e Lenny não
podia arriscar. Se a vissem a falar com Draco tirá-la-iam de Hogwarts por
certo.
Na segunda-feira a seguir ao domingo de Páscoa chegaram várias corujas com
cartas de Hermione e Ginny, também assinadas por Ron, Harry e George. Chegou
também uma de Fred a pedir desculpas, mas Lenny não respondeu a nenhuma delas.
Sabia que estava a ser mimada, mas não conseguia evitar. Sentia-se furiosa com
o mundo. Era por essa mesma razão que temia contactar Draco: tinha medo de
estragar tudo ao dizer coisas que não sentia. Lenny passou a segunda-feira toda
enfiada no quarto. De vez em quando a mãe ou a avó iam ver se ela estava bem.
Às refeições, Lenny comia rapidamente e retirava-se para o seu quarto. Ao fim
da tarde fez as malas e foi deitar-se cedo. Não estava nada ansiosa pelo
dia seguinte.
*
Na terça-feira, Lenny acordou, arranjou-se e sem falar muito, os pais e a
avó levaram-na até à estação de Kings Cross.
-Adeus, Lenny – disse Melanie – lembra-te que gostamos muito de ti e que
tudo isto é para teu bem. Daqui a uns anos vais ver que foi melhor assim.
-Claro - anuiu Lenny sarcasticamente. Relutantemente, Lenny abraçou os pais
e depois, mais carinhosamente, a avó. Em seguida, sem olhar para trás,
atravessou o muro. O ruído agora habitual do comboio e da agitação dos alunos
fez Lenny sentir-se reconfortavelmente melhor.
-Lenny! – a rapariga reconheceu a voz de Harry ali perto e em seguida ele,
Hermione, Ginny e Ron apareceram à sua frente.
-Como estás? – perguntou Hermione.
-Os meus pais proibiram-me de falar com o Draco. Não me proibiram de o ver
pois isso seria impossível.
-Lamento – disse Ginny e ela e Hermione abraçaram-na.
-Até me disseram que isto tudo era para o meu bem e que daqui a alguns anos
eu lhes iria agradecer – contou Lenny, quase a chorar – mas eles não entendem.
O que me importa a felicidade no futuro se não sou feliz agora? Como é que eles
esperam que eu siga em frente se vou estar constantemente a vê-lo?
-Quem me dera que os teus pais entendessem, Lenny – disse Hermione, triste.
Era fácil perceber que Lenny se sentia desolada, desamparada. Lenny avistou as
cabeças ruivas dos gémeos.
-Desculpem, mas tenho de ir.
-Não podes continuar a ignorar o Fred, Lenny – disse Ginny – ele não fez
por mal.
Lenny suspirou.
-Eu só não consigo enfrentá-lo neste momento. E desculpem-me se… se não
estou a ser uma boa amiga no momento, mas por favor, compreendam – disse ela, afastando-se. A voz de Hagrid anunciou a partida para Hogwarts e Lenny entrou no comboio. Por sorte ainda havia pouca gente no comboio e não encontrou ninguém conhecido. Quando estava a entrar num compartimento vazio, alguém a chamou. Lenny virou-se. Era Anastacia. Lenny franziu o sobrolho.
-Preciso de falar contigo - disse ela, empurrando Lenny para dentro do compartimento e fechando a porta atrás de si.
-O que foi? Vieste para me vigiar? Não estou com o Draco, pois não? - perguntou Lenny lembrando-se de que os pais lhe tinham dito que Anastacia ficaria encarregue de a vigiar, juntamente com Fred. Anastacia ignorou-a.
-Sei que os teus pais descobriram o teu namoro com o Draco - disse ela - o meu pai falou-me disso nas férias da Páscoa e eu tentei dizer-lhe para não contar nada aos teus pais, que não havia mal andares a namorar o Draco, mas o meu pai não me quis ouvir.
Tentei ajudar-te, a sério, mas foi em vão.
-Tentaste mesmo ajudar-me? - perguntou Lenny, desconfiada.
-Sim, tentei. Desculpa se fui a razão de alguma vez te teres chateado com o Draco, e lamento que me vejas como uma inimiga. Não vou estar a vigiar-te, e por mim, vou dizer sempre aos meus pais que não te vi com o Draco. Quero que saibas que lamento muito, Lenny, e se houver alguma forma de eu puder ajudar, eu...
-Obrigada - disse Lenny.
-Lenny - ao ouvir aquela voz Lenny gelou. À porta do compartimento encontrava-se Draco, com uma expressão triste e furiosa ao mesmo tempo.
-Ouviste? - perguntou ela.
-Palavra a palavra - confirmou Draco. Lenny olhou para Anastacia, a pensar se teria sido isto que ela queria: provocar mais confusões entre Lenny e Draco. Mas depois Lenny viu a cara aflita de Anastacia e percebeu que não tinha sido nada combinado.
-Anastacia, eu e o Draco precisamos de falar sozinhos.
-Claro - disse ela e depois pronunciou a palavra "desculpa" com os lábios. Draco desviou-se da porta do compartimento e Anastacia saiu.
-Porque é que não me contaste? - interrogou Draco - quando é que os teus pais descobriram?
Lenny suspirou.
-Acho que chegou a altura de te contar a história toda - nesse momento, o comboio deixou a estação, arrancando em direção a Hogwarts. E Lenny contou. Contou-lhe tudo sobre o dia de Páscoa, em como os pais a tinham chamado de parte e falado, não, discutido com ela, contou-lhe como fugira, como Fred a impedira de se ir embora, da conversa em casa, do castigo. Quando chegou a essa parte Lenny não conseguiu olhar para Draco, temendo a sua reação.
-Então os teus pais proibiram-te de falares comigo? - questionou Draco quando Lenny se calou.
-Sim - disse a rapariga com uma voz débil - e parece que já estou a quebrar a regra.
-Mas vais cumpri-la?
-Não sei, Draco, quero dizer... tu sabes que eu não quero! Como é que eu me vou manter afastada de ti? Mas por outro lado... se eles descobrem que desobedeci, as consequências serão muito piores.
-O que queres fazer?
Lenny conseguiu finalmente reunir coragem e olhar Draco nos olhos. A sua expressão estava triste e desalentada. Não era justo que os pais a tivessem obrigado a escolher entre eles e Draco, mesmo que alegassem que era para seu bem. Se eles gostavam mesmo dela, importar-se-iam com a sua felicidade naquele momento. E eles nem sequer conheciam Draco. Só o detestavam por causa dos pais dele. Mas estaria Lenny disposta a arriscar tudo por Draco?
-Eu quero estar contigo - murmurou Lenny - mas ninguém pode saber.
Pronto. Dissera-o. Decidira. Não havia volta a dar. Ela não podia enganar o coração. Lenny amava Draco.
Draco ficou calado durante algum tempo, até que disse:
-Acho que há uma maneira - como Lenny não disse nada, ele continuou - mas tem de ser muito credível, para que ninguém desconfie nada. Disseste que ninguém poderia saber, certo? Isso inclui os Slytherin e os teus amigos Gryffindor, certo?
Lenny acenou afirmativamente com a cabeça.
-Então temos de armar uma discussão. Acabar em público.
Lenny começava a compreender a ideia.
-Mas há sempre a Sala das Necessidades - afirmou Draco - claro que teremos que ter muito cuidado, mas...
-É melhor que nada - concordou Lenny.
-Lamento muito que tenhas que escolher entre mim e os teus pais - disse-lhe Draco.
-A culpa não é tua - assegurou-lhe Lenny - então, onde é que vamos fazer a discussão?
Draco sorriu levemente. Ele conhecia o sítio ideal.
-Obrigada - disse Lenny.
-Lenny - ao ouvir aquela voz Lenny gelou. À porta do compartimento encontrava-se Draco, com uma expressão triste e furiosa ao mesmo tempo.
-Ouviste? - perguntou ela.
-Palavra a palavra - confirmou Draco. Lenny olhou para Anastacia, a pensar se teria sido isto que ela queria: provocar mais confusões entre Lenny e Draco. Mas depois Lenny viu a cara aflita de Anastacia e percebeu que não tinha sido nada combinado.
-Anastacia, eu e o Draco precisamos de falar sozinhos.
-Claro - disse ela e depois pronunciou a palavra "desculpa" com os lábios. Draco desviou-se da porta do compartimento e Anastacia saiu.
-Porque é que não me contaste? - interrogou Draco - quando é que os teus pais descobriram?
Lenny suspirou.
-Acho que chegou a altura de te contar a história toda - nesse momento, o comboio deixou a estação, arrancando em direção a Hogwarts. E Lenny contou. Contou-lhe tudo sobre o dia de Páscoa, em como os pais a tinham chamado de parte e falado, não, discutido com ela, contou-lhe como fugira, como Fred a impedira de se ir embora, da conversa em casa, do castigo. Quando chegou a essa parte Lenny não conseguiu olhar para Draco, temendo a sua reação.
-Então os teus pais proibiram-te de falares comigo? - questionou Draco quando Lenny se calou.
-Sim - disse a rapariga com uma voz débil - e parece que já estou a quebrar a regra.
-Mas vais cumpri-la?
-Não sei, Draco, quero dizer... tu sabes que eu não quero! Como é que eu me vou manter afastada de ti? Mas por outro lado... se eles descobrem que desobedeci, as consequências serão muito piores.
-O que queres fazer?
Lenny conseguiu finalmente reunir coragem e olhar Draco nos olhos. A sua expressão estava triste e desalentada. Não era justo que os pais a tivessem obrigado a escolher entre eles e Draco, mesmo que alegassem que era para seu bem. Se eles gostavam mesmo dela, importar-se-iam com a sua felicidade naquele momento. E eles nem sequer conheciam Draco. Só o detestavam por causa dos pais dele. Mas estaria Lenny disposta a arriscar tudo por Draco?
-Eu quero estar contigo - murmurou Lenny - mas ninguém pode saber.
Pronto. Dissera-o. Decidira. Não havia volta a dar. Ela não podia enganar o coração. Lenny amava Draco.
Draco ficou calado durante algum tempo, até que disse:
-Acho que há uma maneira - como Lenny não disse nada, ele continuou - mas tem de ser muito credível, para que ninguém desconfie nada. Disseste que ninguém poderia saber, certo? Isso inclui os Slytherin e os teus amigos Gryffindor, certo?
Lenny acenou afirmativamente com a cabeça.
-Então temos de armar uma discussão. Acabar em público.
Lenny começava a compreender a ideia.
-Mas há sempre a Sala das Necessidades - afirmou Draco - claro que teremos que ter muito cuidado, mas...
-É melhor que nada - concordou Lenny.
-Lamento muito que tenhas que escolher entre mim e os teus pais - disse-lhe Draco.
-A culpa não é tua - assegurou-lhe Lenny - então, onde é que vamos fazer a discussão?
Draco sorriu levemente. Ele conhecia o sítio ideal.
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