sábado, 27 de abril de 2013

O Começo



Estava uma noite escura e agitada naquele primeiro dia de Setembro. A paisagem encontrava-se imersa numa neblina profunda e cinzenta, corujas piavam sem cessar e as ondas revolviam as rochas violentamente. Por debaixo da neblina misteriosa, erguia-se, no cume de uma montanha, o castelo de Hogwarts com os seus grandes torreões, a melhor Escola de Magia e Feitiçaria do mundo mágico. A lua erguia-se no céu alto, cheia e de um branco muito brilhante e os animais pareciam algo irrequietos, mas Hogwarts parecia alheio a toda aquela agitação.
O ano letivo estava prestes a começar: bastava entrar pelos portões da escola. Hogwarts e o restante mundo da Magia estava em festa: Harry Potter matara Voldemort e o seu exército fora destruído no final do ano letivo passado, na medonha batalha em Hogwarts. Porém, Hogwarts ficara totalmente destruída, tendo sido reconstruída no verão, onde Minerva McGonagall, a então diretora, insistiu em reforçar a segurança dos seus alunos. Agora, Hogwarts estava pronta para um novo ano.

Lenny Gant tinha dezassete anos e uma extraordinária força dentro de si, porém, bem enterrada. Era filha de feiticeiros do Bem poderosos, que desapareceram misteriosamente na Batalha de Hogwarts. Lenny não se atrevera a assumir na batalha: permanecera em casa da avó, no mundo dos Muggles (os humanos que não possuíam magia), durante esta, esperando ansiosamente pelo regresso dos pais, o que nunca sucedeu.
Lenny soubera desde sempre o que os pais eram, mas estes nunca foram capazes de lhe explicar porque é que ela não desenvolvera aquilo que era de esperar duma filha de feiticeiros tão poderosos: Lenny não apresentara, nos seus dezassete anos de idade, qualquer aptidão ou destreza para o mundo mágico, o que preocupou muito os pais. Estes levaram-na a alguns feiticeiros e bruxas, mas nenhum lhes soube dizer com exatidão porque tal acontecia, a não ser que ela era uma cepa-torta (pessoas filhas de feiticeiros que nasciam sem possuir magia). Por fim, desistiram, resignando-se a deixá-la com a avó durante os anos letivos, enquanto viam os filhos dos amigos serem chamados a entrar em Hogwarts. Lenny frequentava a escola normal no mundo dos Muggles, enquanto os pais ajudavam a travar o mal no mundo da Magia, mas Lenny nunca se integrara totalmente.
Até dois dias antes.

*

Estava uma noite estrelada e silenciosa naquele dia de fim de Agosto, dois dias antes do ano letivo em Hogwarts começar. No mundo dos Muggles, ainda se fazia sentir o calor do verão. Lenny encontrava-se sentada no sofá gasto e castanho da sala de estar da avó, a Sr.ª Gant, enquanto esta se entretinha com a sua costura. 



A certa altura, Lenny ouviu um piar: um piar estranho e melodioso, como que um chamamento. Levantou-se pesadamente do sofá e dirigiu-se à janela. Sob a lua quase cheia, pendurada no parapeito da janela do lado de fora, encontrava-se uma coruja branca como a neve, com uma bonita carta bege selada com lacre vermelho bem segura entre o bico. Lenny abriu a janela e a coruja depositou-lhe a carta na mão, obedientemente, desaparecendo imediatamente. 
Lenny abriu a carta e leu-a, espantada. Vieram-lhe lágrimas aos olhos quando percebeu que era aquilo porque os pais, todas as noites, até à noite anterior ao ano letivo começar, nos anos anteriores, esperavam: era o convite de entrada em Hogwarts. 
-O que é isso? - perguntou a avó, erguendo os olhos da sua costura. Quando viu lágrimas nos olhos da neta, apressou-se a animá-la. Lenny era tudo o que ela tinha e preocupava-se muito com ela.
-Uma carta - respondeu a rapariga em voz sumida - de Hogwarts.
-Oh, Lenny! - então, a senhora começou também a chorar. Dentro da carta, além do convite, vinha uma lista de coisas que eram necessárias e que se poderiam encontrar em Diagon-Al, e mesmo uma mensagem pessoal de Minerva McGonagall, a diretora de Hogwarts, com os seus pêsames em relação ao desaparecimento dos seus pais. 
-Eles esperaram por isto durante anos - as lágrimas escorriam agora violentamente pela cara de Lenny - e agora que não estão cá, é que ela vem. Não é justo.
-Já li sobre isso - respondeu a avó, que fora em tempos uma boa feiticeira, mas que preferira converter-se ao mundo dos Muggles para cuidar da neta - que às vezes os nossos instintos feiticeiros estão tão bem escondidos que só são revelados após algo que nos abala fortemente emocional e psicologicamente. Como, tu, sabes, a falta dos pais - a avó esforçava-se por não dizer desaparecimento em frente da neta - de qualquer maneira, podes ter a certeza de que eles iriam ficar extremamente orgulhosos. Eu sempre soube, sabes? Que havia algo em ti fora do comum. Já quando os teus professores me chamavam para ir à tua escola, sendo eu a tua encarregada de educação, e me diziam que em vez de prestares atenção nas aulas, te punhas a desenhar chapéus do Merlin, corujas ou a fazer movimentos estranhos com canetas como se fossem varinhas. 
-Obrigada por acreditares em mim, avó - Lenny permitiu-se sorrir um bocadinho. A avó abraçou-a carinhosamente e depois declarou: - amanhã vamos a Diagon-Al. Comprar tudo o que precisas. Os livros, o material de escrita e de poções, a varinha, a vassoura, e talvez... talvez um animal. 
*

No dia seguinte, de manhãzinha, a Sr.ª Gant e a neta dirigiram-se a Diagon-Al. Lenny já lá fora algumas vezes e achava aquilo fascinante. A passagem secreta para as lojas de Magia encontrava-se por detrás de um pub chamado o "Caldeirão Escoante" no mundo dos Muggles. Quem poderia suspeitar que aquilo levaria a dezenas de lojas cheias de utensílios mágicos? 



A Sr.ª Gant lembrava-se do sítio onde tudo se situava: começaram por comprar os livros e o material de escrita (as penas, os pergaminhos, a tinta...), na Borrões e Floreados, depois alguns instrumentos e objetos que eram precisos para as aulas de Poções e Astronomia (incluindo um caldeirão e um telescópio). Compraram também uma Nimbus, não a mais recente, mas sem dúvida uma vassoura bonita, rápida e potente. Dourada e de madeira mágica.
Antes de irem até à loja de animais de estimação, que Lenny estava simplesmente super ansiosa por visitar, pois sempre pedira aos pais uma coruja, embora nunca tenha tido nenhuma, passaram primeiro pelo Ollivanders, a melhor loja de varinhas que jamais existira. 
A loja era uma loja um pouco escura, cheia de prateleiras com caixas de várias cores que continham varinhas, e um velho feiticeiro encontrava-se junto ao balcão, polindo com todo o cuidado uma varinha de aspeto frágil.



-Mrs. Gant! Que bom voltar a vê-la! - exclamou Ollivander, quando viu a avó de Lenny. Parecia realmente feliz em voltar a vê-la.
-Bons olhos o vejam, Ollivander.
Ollivander olhou depois para Lenny e sorriu.
-Foi tarde, mas chegou. Recebeu finalmente a sua carta, não foi, menina?
Lenny assentiu com a cabeça. 
-Muito bem, então. Vamos a isso.
A Sr.ª Gant sentou-se numa cadeira de veludo vermelho, enquanto Lenny experimentava varinhas atrás de varinhas, mas nenhuma parecia agradar Ollivander.
-A varinha escolhe o feiticeiro - referia ele, sempre que Lenny fazia um gracioso movimento com a mão, mas cujas varinhas se mostravam indiferentes.
Por fim, Ollivander retirou uma caixa preta de aspeto imponente de uma das prateleiras. Abriu-a no balcão com cuidado.
-Pergunto-me - disse ele para si - se será esta... a tal. É bastante poderosa, mas tenho um palpite. Tome.
Ollivander estendeu-lhe uma varinha de aspeto familiar, de cor de madeira de cerejeira, com 25 cm de comprimento,  pouco flexível  O seu núcleo residia numa veia de coração de Unicórnio e numa pequena pena da Fénix. Todas as varinhas possuíam um núcleo mágico que provinha de alguma criatura excecional. O Unicórnio era bastante raro, poderoso e misterioso, enquanto a Fénix era corajosa, infinita e imortal.


Lenny pegou-lhe hesitante, mas assim que os seus dedos tocaram na leve aspereza da varinha, uma potente luz azul iluminou a sala. Os olhos da Sr.ª Gant irradiavam felicidade, bem como a expressão de entusiasmo no rosto de Ollivander.
-É essa! - exclamou ele - essa é a tal
Ollivander embrulhou-a com cuidado e ela e a avó saíram da loja. Uma vez cá fora, rodeados por feiticeiros, bruxos e outras criaturas mágicas, Lenny perguntou:
-O que tem a minha varinha de especial? Como é que o Ollivander sabia que era a tal?
-Essa varinha - informou a avó, misteriosamente - era igual à que a tua mãe usava.
Lenny sentiu-se entusiasmada e assustada ao mesmo tempo.
-O Ollivander não quis dizer nada sobre isso, pois temia ferir os teus sentimentos, mas ele lembra-se de todas as varinhas que já vendeu. E eu lembro-me perfeitamente da primeira vez que entrei na Ollivanders com a tua mãe, para comprar a sua primeira varinha. Lembro-me como se tivesse sido ontem.
Lenny mordeu o lábio inferior e temeu desatar a soluçar. A avó reparou e sorriu ternamente:
-E agora, Lenny, que me dizes de irmos então ver um animal para ti, hem?
O rosto de Lenny iluminou-se e dirigiram-se à loja de animais. A maioria dos animais eram morcegos, corujas, ratos, aranhas, rãs, sapos e algumas pequenas serpentes, mas Lenny há muito que se decidira.
Sempre adorara corujas. Assim que entrou na loja, estas começaram a piar, competindo pela sua atenção. Mas bastou erguer os olhos para o fundo da sala para se decidir. Ali, dentro de uma gaiola de metal, encontrava-se a mais bela coruja que já vira: mais branca do que a neve, com reluzentes e redondos olhos azuis-escuros que a olhavam profundamente. Esta era a única coruja que não piava ou batia as asas, mas algo nos seus olhos enigmáticos fez Lenny apaixonar-se.
-É aquela, não é? - questionou a avó. Lenny sorriu.
-É.

*
No dia seguinte, seria o dia de embarcar em Hogwarts. O comboio para Hogwarts partiria às onze horas da manhã da estação de King's Cross. Lenny sentia-se muito entusiasmada, mas também muito assustada. Seria a única feiticeira que não tinha qualquer experiência no mundo da Magia, mas que no entanto, iria frequentar o sétimo ano. Era de loucos, mas por qualquer razão que ela desconhecia, Minerva McGonagall insistira e assegurara, na carta que a avó recebera no dia anterior, que Lenny sair-se-ia bem no sétimo ano. Como se soubesse que ela sempre tivera aquilo dentro de si, mas nunca sobressaíra. Que ela não precisava de frequentar os anos anteriores e tivesse o potencial suficiente para enfrentar as difíceis matérias do sétimo ano que a esperavam.

A Sr.ª Gant levou-a até à estação de comboios, onde se dirigiram à plataforma 9 e 3/4. Quando os pais lhe falaram dela pela primeira vez, esta riu-se, pensando que era uma piada, mas os pais explicaram-lhe que havia uma parede de tijolo castanho entre a plataforma nove e dez do mundo dos Muggles, que, quando se corria de encontro a ela sem parar, dava acesso ao mundo da Magia e à estação onde o Expresso de Hogwarts esperava.


Porém, Lenny não conseguiu esconder o nervosismo. Despediu-se atabalhoadamente da avó, que chorava.
-Adoro-te, avó.
-Eu também. Manda uma carta pela Hedz quando chegares. 
Hedz fora o nome que Lenny decidira dar à sua coruja. Deu um último beijo apressado na face da avó, e depois agarrou-se com força ao carrinho que trazia diante de si, com as suas malas e a gaiola com a Hedz e avançou. Correu sem parar e temeu chocar contra a parede feita tola, mas isso não aconteceu. Atravessou um portal invisível e viu-se num mundo desconhecido mas familiar. Era a mesma plataforma, mas não havia sinais da avó nem pessoas de malas de trabalho a passarem, apressadas. Ali, encontrava-se um extenso comboio vermelho parado nos carris e vários feiticeiros com carrinhos iguais aos dela, vestidos com as suas capas pretas e longas. De repente, uma nova sensação atingiu Lenny. Apesar de tudo aquilo ser novo para ela, sentiu-se em casa, como nunca se sentira na escola dos Muggles. 
Um grande homem de longas barbas castanhas vestido de couro, aproximou-se, com uma expressão amigável.
-Tu deves ser a Lenny, certo? Lenny Gant? - proferiu ele, olhando para a minúscula tabuleta que segurava entre as mãos, comparado com o seu tamanho. Lenny fingiu não reparar nas cabeças mais próximas que se viraram para a ver, curiosos.
-Sim - afirmou ela, contente por ter sido reconhecida - sou eu.
-Muito bem. O Dumbledore, descanse ele em paz, falou-nos muito sobre ti. Pelo que ouvi, és uma feiticeira muito especial. 
Ela sorriu timidamente.
-Ainda não me considero uma feiticeira. 
Os olhos do homem ficaram tristes.
-Lamento muito o que aconteceu aos teus pais. Gostava muito deles.
Subitamente, Lenny reconheceu o grande homem. Era Rubeus Hagrid, o Guardião das Chaves e dos Terrenos de Hogwarts e também professor de Cuidados com Criaturas Mágicas. 
Alguém passou por ali a correr e deu-lhe um pequeno encontrão. Um rapaz ruivo e com sardas apressou-se a virar-se e a desculpar-se.
-Desculpa - depois sorriu amigavelmente - sou o Ron. Ron Weasley.
-Ron! - Hagrid deu uma sonora gargalhada rouca e depois bateu no ombro de Ron com tanta força que o deitou quase ao chão - como vai o meu velho amigo?
-Vou bem, Hagrid, mas por vezes devias medir a força que tens. 
-Oh, oh, desculpa! Bom, já conheces a Lenny Gant, certo? Vai ser do teu ano.
Ron franziu o sobrolho, mas depois sorriu e estendeu-lhe a mão.
-Prazer.
-Igualmente - Lenny apertou-lhe a mão. Depois viu uma rapariga com volumosos cabelos cor de mel-escuros e tez clara a aproximar-se.
-És a Lenny Gant? Ouvi falar de ti! - disse ela - é verdade que nunca fizeste nenhum feitiço?
Lenny cravou os olhos no chão. Sabia que a rapariga não o tinha dito por maldade, e, ainda que fosse verdade, magoava. Lenny tentara fazer alguns feitiços no dia anterior com a sua nova varinha, mas não resultaram. Contudo, ela estava decidida a não desistir.
-Hermione! - ralhou Ron - deixa-a em paz!
Hermione pediu desculpas com o olhar.
-Desculpa-me. Às vezes falo sem pensar. Mas isso não é um problema, a sério. Há montes de alunos que não realizaram nenhum feitiço até vir para Hogwarts. Todavia, tinham algo em si que dizia a Dumbledore e aos outros professores que viriam a tornar-se bons feiticeiros. A propósito, sou a Hermione Granger - depois virou-se para Hagrid e cumprimentou-o.
-Olá, Hagrid. Já viste o Harry por aí?
-Não, mas ele veio contigo, Ron, não veio?
-Sim, ele passou as férias comigo. Disse que ia cumprimentar o Neville e depois desapareceu. Provavelmente está rodeado de admiradoras. É o maior herói de sempre. As miúdas não lhe vão dar descanso este ano.
-Nunca deram, pois não? - gracejou Hagrid, emitindo mais uma das suas gargalhadas roucas. 
-Ou talvez se tenha esgueirado para ir ter com a Ginny - provocou Hermione, olhando propositadamente para Ron. Contudo, pouco depois, Harry apareceu por detrás deles. Oh, sim, o famoso Harry Potter. O único ser no mundo que sobrevivera a um "Avada Kedavra" de Voldemort. O único que o conseguiu destruir. Era lendário. No entanto, ao contrário do que Lenny esperava, ele não se mostrou todo pomposo e convencido, pavoneando-se e congratulando-se pela sua vitória e pelos seus feitos, mas pareceu realmente bondoso e modesto. Hermione abraçou-o e os seus olhos azuis olharam para Lenny curiosamente. Ela observou a sua famosa cicatriz em forma de relâmpago na testa dele. Harry estendeu a mão.
-Harry Potter - apresentou-se, como se a rapariga não soubesse quem ele era. 
-Lenny Gant - respondeu. Ele ficou um pouco surpreso ao ouvir o seu nome, mas Hagrid interrompeu-os, gritando a bom gritar:
-Muito bem, pessoal! Está na hora de embarcar no Expresso de Hogwarts! Quero ordem enquanto fazem uma fila para entrar! Vamos, vamos!

No entanto, apesar das ordens do imponente Hagrid, estavam todos demasiado entusiasmados para formarem uma fila como deve ser. Em vez disso, entraram a monte no comboio.

*

Muita gente pedira a Harry para ficar no seu compartimento no Expresso de Hogwarts, mas por bondade, ele convidou Lenny a sentar-se com ele, Hermione e Ron.
-Onde ficou a Ginny? - perguntou Hermione.
-Com o Neville e a Luna - responderam Harry e Ron ao mesmo tempo.
Lenny olhava pela janela, distraída e absorta nos seus pensamentos, enquanto a paisagem verdejante passava por ela a toda a velocidade.


-Estás bem? - inquiriu Harry. Era muito fácil dar-se com Harry. Era bondoso e amável. Com Hermione e Ron, também, mas a sua bondade era diferente, mais indireta do que a de Harry. 
-Estou. Só um pouco nervosa - alegou Lenny.
-Queres um sapo de chocolate? - ofereceu Ron. Lenny virou a cabeça para ele - eles ajudam-me sempre quando estou nervoso.
-Pode ser - Lenny retirou um do saco e observou o cromo que trazia. Os pais costumavam levar-lhes chocolates daqueles quando era mais pequena e ela gostava sempre de ver quem era o feiticeiro famoso que se encontrava no cromo. Daquela vez, porém, sentiu lágrimas nos olhos. Ron, Hermione e Harry inclinaram-se os três sobre ela para verem também quem era.
-Oh, desculpa... - gaguejou Ron - pensei que já soubesses... 
-Não, não sabia. Quando é que...?
-Depois da batalha contra o Voldemort, em Hogwarts - afirmou Harry - alguns dos cromos dos sapos de chocolate foram renovados e devido aos feitos que fizeram, colocaram cromos deles na coleção.
Lenny leu a descrição e olhou novamente para a fotografia animada. Os feiticeiros que se encontravam no cromo eram, nada mais nada menos, que os seus pais, sorridentes e com uma bravura tal no olhar que Lenny se orgulhou instantaneamente de ser filha deles. Através daquele cromo, sentia-os mais perto de si. Pareciam tão vivos. Depois, leu a descrição.

"Michael e Melanie Gant foram dois grandes feiticeiros do Bem que enfrentaram Voldemort com tudo o que tinham. Michael tinha o dom de controlar os quatro elementos com a mente e Melanie de ver a verdade e a razão. Deixaram uma filha a viver com a avó no mundo Muggle, e além de que nunca realizou nenhum feitiço, pouco se sabe sobre ela."

-É por isso que és tão intrigante - prosseguiu Hermione, persentindo a tristeza de Lenny - porque os teus pais eram famosos e poderosos, mas de ti sabe-se pouco ou nada. 
-E o que se sabe é uma porcaria - interveio ela - que eu sou uma fraca.
E uma lágrima salgada escorreu-lhe pela face.
-E que varinha tens? - interrogou Harry - qual o seu núcleo?
-Veia de Unicórnio e pena de Fénix - informou ela.
Ron e Hermione ficaram boquiabertos, mas Harry sorriu.
-Vês? Tu não és fraca. Uma varinha como essa nunca escolheria alguém fraco para ser seu dono. Nunca. Podes ter a certeza.
Lenny sorriu. Harry fê-la sentir-se melhor.
O resto da viagem passou a correr. Os quatro falaram acerca de si e das suas vivências e Lenny ficou a conhecê-los bastante melhor. Ficou a saber que Harry, Ron, Hermione, Neville, Luna e alguns alunos mais velhos tinham regressado a Hogwarts para acabarem o sétimo ano, entre os quais os irmãos de Ron e de Ginny, os gémeos Fred e George. Quando chegaram a Hogwarts, já anoitecera.

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