Depressa passou uma semana. O aviso de Draco aos Slytherin resultara e estes já não a chateavam. Lenny voltou a andar com os amigos Gryffindor, embora ainda evitasse Fred, e a detenção não era assim tão má, principalmente por ter Draco tão perto. Na primeira semana tiveram de limpar algumas salas, mas agora a detenção consistia em estudar e Lenny e Draco aproveitavam para estudar para os EFBE's.
Lenny e Draco sentiam-se um pouco culpados por terem feito com que os Slytherin perdessem cem pontos, pelo que cada um se esforçava ao máximo nas aulas, respondendo a perguntas, executando os feitiços na perfeição, fazendo o que podiam para ganhar o máximo de pontos possíveis. Como eram feiticeiros ótimos por natureza, não era difícil serem os melhores alunos, só empatados com Hermione. Os professores estavam impressionados, e os colegas também. Nunca tinham visto Lenny ou Draco tão empenhados, mas atribuíam esse empenho ao fim da relação e ao facto de eles se quererem concentrar noutras coisas e provar ao outro que eram melhores.
Além disso, Draco também se esforçava muito no Quidditch, e os Slytherin iam à frente, com a maior pontuação no desporto. Apesar disso, os Slytherin ainda tinham um longo caminho até conseguirem igualar as restantes casas, mas era algo que era possível porque o espírito competitivo de Lenny e Draco tinha sido transmitido aos restantes colegas de equipa e agora todos davam o seu melhor para ganhar pontos.
Nunca se vira a casa dos Slytherin tão empenhada e tão bem-comportada, pois se os Slytherin se afastassem de castigos, não perderiam pontos.
Pansy, em relação ao afastamento de Lenny e Draco, estava sempre a tentar ter a atenção deste último, mas este nem lhe ligava. Passava os dias a ansiar pela detenção para poder ver Lenny, e pela noite na Sala das Necessidades para poder de facto estar com ela.
Lenny e Draco quase que já não dormiam nos respetivos dormitórios: preferiam passar a noite juntos na Sala das Necessidades, algumas vezes apenas a conversar, outras vezes em carícias e afetos. Eram sempre muito cautelosos e indiferentes um ao outro durante o dia, mas à noite, ao tocarem-se, tudo valia a pena.
Em relação aos pais, estes mandavam-lhe cartas todos os meses, a que Lenny respondia, fingindo entusiasmo. Os pais tinham ficado muito contentes ao ouvirem da discussão pública que fizera com que Lenny e Draco acabassem. Se eles soubessem...
Maio chegou, e o calor também. Os alunos sabiam que só faltava um mês para acabar as aulas e fazer os exames, e embora andassem entusiasmados pela chegada do Verão, também se sentiam ansiosos pelos exames e tristes por deixarem Hogwarts, principalmente os que estavam a frequentar o sétimo ano e que não regressariam mais.
Num certo dia, à tarde, Lenny tinha um furo no horário pelo que resolveu dirigir-se à biblioteca quando alguém a puxou para dentro de uma sala e fechou a porta atrás de si. Lenny preparou-se para barafustar, mas depois viu quem estava encostado à porta.
-Fred - disse Lenny. Sabia que estava a ser demasiado fria com ele, e também sabia que já não era por se sentir magoada por ele a ter "entregue" aos seus pais no dia do jogo de Quidditch. Sabia que agora andava a evitar Fred porque tinha uma ligeira ideia dos sentimentos que ele poderia nutrir por ela, sentimentos que ela não retribuía.
-Lenny - a voz de Fred estava seca, mas Lenny denotava uma pontada de ansiedade - foi mesmo preciso andares a ignorar-me durante quase duas semanas?
Lenny engoliu em seco, sem conseguir olhar Fred nos olhos.
-Não acredito que ainda te sintas magoada por causa daquilo, Lenny. Já te pedi desculpas milhares de vezes. Fi-lo porque não podias fugir. Para onde irias? E como viverias? Precisas da tua família, Lenny, e eu só fiz o melhor para ti.
Lenny suspirou.
-Eu sei, Fred, tens razão. E também peço desculpa por te andar a evitar. Mas.... quero concentrar-me nos exames agora.
Fred franziu o sobrolho.
-Isso não te impede de te dares com os meus irmãos e com o Harry e a Hermione. Porque é que não te dás comigo?
-Porque... - Lenny não conseguiu continuar, mordendo o lábio inferior e olhando para o chão. Sentiu Fred a aproximar-se, e depois os dedos deles tocaram ao de leve no queixo dela, fazendo-a levantar a cabeça e olhá-lo nos olhos. Fred era muito mais alto que Draco, quanto mais que ela.
-Porquê, Lenny? - insistiu Fred, a voz mais firme. Lenny engoliu em seco. Não valia a pena mentir.
-Porque tenho a sensação que eles não me vêem da forma que tu me vês.
Fred deixou os dedos que tocavam no queixo de Lenny caírem, recuando um passo. Os olhos estavam ligeiramente esbugalhados, e a boca encontrava-se ligeiramente entreaberta.
Lenny suspirou.
-Eu sei, Fred, tens razão. E também peço desculpa por te andar a evitar. Mas.... quero concentrar-me nos exames agora.
Fred franziu o sobrolho.
-Isso não te impede de te dares com os meus irmãos e com o Harry e a Hermione. Porque é que não te dás comigo?
-Porque... - Lenny não conseguiu continuar, mordendo o lábio inferior e olhando para o chão. Sentiu Fred a aproximar-se, e depois os dedos deles tocaram ao de leve no queixo dela, fazendo-a levantar a cabeça e olhá-lo nos olhos. Fred era muito mais alto que Draco, quanto mais que ela.
-Porquê, Lenny? - insistiu Fred, a voz mais firme. Lenny engoliu em seco. Não valia a pena mentir.
-Porque tenho a sensação que eles não me vêem da forma que tu me vês.
Fred deixou os dedos que tocavam no queixo de Lenny caírem, recuando um passo. Os olhos estavam ligeiramente esbugalhados, e a boca encontrava-se ligeiramente entreaberta.
-Eu... - Fred não sabia bem o que dizer. Como é que ela se apercebera? Ele nunca fizera nada que pudesse indiciar o que ele sentia verdadeiramente por ela, pois não? Claro que havia umas piadas aqui, umas conversas acolá, mas... era assim que Fred era. E sim, sentia-se diferente quando estava com Lenny, e doía-lhe sempre que a via com Draco. E agora que eles já não estavam juntos, Fred sabia que podia ser essa a sua oportunidade.
Mas tinha medo de ser rejeitado, porque sabia o quanto Lenny amava Draco.
-Como é que percebeste? – perguntou ele, finalmente.
-Não sei… acho que os meus pais perceberam primeiro que eu.
-Não quero ser rejeitado, Lenny, e é por isso que nem sequer me vou dar ao
trabalho de clarificar o que sinto. Não quero pôr-te numa posição em que me
rejeites, porque sei que é isso que irá acontecer. Sei que amas o Draco
e que nunca me escolherás a mim. Mas deixa-me ao menos fazer isto… nem que seja
a primeira e a última vez.
Fred aproximou-se e antes que Lenny percebesse o que estava a acontecer, já
ele lhe segurava o rosto com as duas mãos e os seus lábios tocavam os dela.
Depois ele beijou-a, e ela só correspondeu porque não queria ferir ainda mais
os sentimentos de Fred. Ela sabia que ao corresponder ao beijo não estava a dar
esperanças a Fred porque ele próprio admitira que Lenny nunca o escolheria. Por
isso deixou Fred aproveitar o único gesto romântico que eles iam alguma vez
partilhar.
Sentia-se culpada por o estar a beijar, era certo, mas era demasiado amável
e amiga de Fred para lhe fazer uma desfeita daquelas e rejeitar o beijo. Assim,
os lábios de ambos moveram-se em sincronia. Fred sentia-se extasiado, mas
percebia que ela só o estava a beijar de volta para não lhe ferir os
sentimentos. E talvez ao corresponder Lenny feria-lhe mais os sentimentos do
que se o tivesse rejeitado, porque sabia que Lenny sentia uma amizade demasiado
grande para com ele para ser comparada a amor.
Ela não era capaz de o rejeitar porque gostava demasiado dele como amigo,
mas também não era capaz de o beijar com sinceridade porque não gostava dele de
forma romântica. Isso fazia Fred sentir-se mal, mas os lábios deles no dela
atenuavam um pouco essa sensação.
Por fim afastaram-se, e Lenny não sabia quanto tempo tinha passado.
-Obrigado – disse Fred numa voz débil.
Lenny desviou o olhar. Sabia que Fred ficara decerto magoado por ela só
querer ser amiga dele, mas também sabia que este momento, este beijo, ainda que
falso, fora importante para ele.
Como se fosse o encerrar de um capitulo, de uma história. Como se ele
precisasse do beijo para selar o que sentia por ela, para conseguir seguir em
frente. E talvez fosse mesmo isso.
Por isso ela voltou a olhar para ele e respondeu:
-De nada.
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