Mas não era um abismo. Pelo menos, não era sombrio. A luz foi a primeira coisa que notaram, quando caíram redondos no chão. Depois, sentiram relva a roçar-lhes a cara e os braços... lentamente, abriram os olhos para um espetáculo magnífico de luzes, cores, natureza e animais.

-Uau - murmuram. Lenny olhou estritamente para o cavalo-alado que lhe surgia à frente. Era branco e tinha asas compridas que refletiam a luz e faziam efeito arco-íris. Pássaros rosa voavam pelo ar. Ao longe, cavalos pastavam.
-Porque raio viemos parar aqui? - perguntou Draco.
-Talvez esta jornada não seja apenas coisas más - replicou Hermione, os olhos brilhantes - talvez como conseguimos passar pelas tentações, agora...
-Tentações? - interrogou Ron.
-Sim - afirmou ela - não repararam no que estava escrito na porta? Porta das Tentações. Foi onde entrámos.
-Porque não avisaste logo? - resmungou Fred.
-Bem, eu... - Hermione baixou a cabeça.
-Deixem-na. Isso não interessa - não fora Lenny, Harry nem qualquer um dos que se esperava a dizê-lo. Draco dissera. Hermione olhou-o, surpreendida, mas Draco virou-se para Lenny.
-Os cavalos parecem estar a guardar qualquer coisa... olha - apontou para a esquerda, onde, à frente de algumas rochas, se via um objeto estranho: uma mistura de uma espada com uma varinha enorme, que emitia uma luz laranja.
-Então passemos por eles - prontificou-se Fred.
-Calma - pediu Lenny. Avançou cuidadosamente em direção ao cavalo-alado. Porque seria o único que possuía asas? Talvez fosse o guardião-chefe...
-O Guardião-Alado! - exclamou Ginny de repente - li sobre ele no livro "Manual de Criaturas Mágicas Eleitas pelo Público Feminino" que me ofereceste pelo natal, Lenny - Ginny abriu a sua mala e depois de vasculhar lá dentro, retirou um livro grosso de capa roxa. Folheou-o até encontrar a página desejada - Aqui está. Os Guardiões-Alados são um tipo de cavalos-alados cuja função é proteger algo ou alguém. Estão intimamente ligados a esse objeto e só uma ligação externa muito forte os pode levar a deixar para trás esse tal objeto. Não são fáceis de domesticar, pois possuem uma natureza selvagem e um espírito forte, mas são extremamente fiéis e farão tudo o que estiver ao seu alcance para ajudarem e protegerem o seu objeto.
-As raparigas gostam realmente de coisas parvas - comentou Ron, levando em seguida com a mala de Hermione em cima.
Lenny encontrava-se a poucos metros do cavalo-alado. Os seus olhos eram escuros e fortes e difíceis de olhar, quase como se fosse fogo ou sol.
-Não consigo olhar para os seus olhos - disse George - vocês conseguem?
-É muito difícil...
-Lenny, cuidado! - proferiu Draco. Subitamente, o cavalo-alado empinou-se e relinchou: um relincho forte e ao mesmo tempo delicado... Lenny não tirara os seus olhos dos deles e cambaleou para trás, caindo desamparada na relva do prado. Draco desembainhou a varinha e apontou-a ao guardião. Os outros cavalos relincharam e avançaram. O guardião abriu as asas para os fazer parar. Observava o que Lenny fazia.
Esta levantou-se e disse:
-Não os ataques. Eles são como os hipogrifos, não é, Harry? Orgulhosos e sensíveis.
-Bastante, sim - respondeu este.
Lenny avançou novamente: não sabia o que estava a fazer nem se devia avançar, mas os olhos dele... repeliam-na e ao mesmo tempo, contudo, atraíam-na. O guardião recolheu as asas e relinchou novamente. Empinou-se, abriu as asas num gesto grandioso e deixou cair as patas na relva, baixando levemente a cabeça. Depois, fez um movimento com a cabeça... deu meia volta, correu, abriu as asas e levantou voo... os restantes cavalos galoparam para longe, deixando-os sozinhos com o estranho objeto.
-Como fizeste isso? - perguntou Hermione - como o levaste a abandonar o seu precioso objeto?
Lenny não poderia explicar. Os seus olhares haviam-se juntado como um só e criado uma ligação... e Lenny sentiu que aquilo fora obra dos pais.
-Eu não... não sei. Mas não vamos perder tempo - avançou para a espada-varinha e os outros seguiram-na. Depois da desilusão da porta das tentações, estava determinada a encontrar os pais de uma vez por todas.
-Juntos? - perguntou-lhes.
-Juntos - responderam e no momento em que tocaram todos no objeto, foram sugados para um vórtice de cor, luz e magia.
*
Sentiram frio e escorregaram durante um tempo que lhes pareceu infinito. Quando finalmente pararam, viram-se encontrados numa gruta de gelo, percorrida pelo rio mais cristalino e misterioso que jamais tinham visto.
-Isto está a ficar cada vez mais estranho - observou Harry, a sua voz ecoando pelas paredes da caverna - primeiro os túneis e a nossa separação, depois o reencontro no lago, o deserto, a porta das tentações, o paraíso dos cavalos... e agora uma gruta de gelo. O que vem a seguir?
-Querem mesmo pôr-nos à prova... e está um gelo aqui - disse Ron.
-Aquele objeto que o Guardião tanto estimava era um Botão de Transporte - declarou Draco - penso que no momento em que percebeu que a Lenny o tinha percebido, a sua missão acabou. Foi por isso que se foi embora tão facilmente.
-Sabias que era um botão de transporte? - questionou Ginny.
Agora que pensava nisso... Lenny tivera essa sensação... mas fora rebaixada pelo fogo nos olhos do guardião.
-Sim, mas... o que fazemos nós aqui?
-À procura do Abominável Homem das Neves? - sorriu George e todos sorriram também.
-Cala-te, George, já tive que lutar com um yeti no túnel... - alegou Harry. Riram-se. Porém os risos depressa se desvaneceram quando a gruta começou a estremecer e uma avalanche de gelo avançou sobre eles.
-Depressa, o rio! - gritou alguém, e o último som que se ouviu foi o chapinhar da água quando perfuraram o rio gelado e puro. Depois, instalou-se o silêncio, acompanhado por montanhas de neve e gelo impenetráveis.
-Aquele objeto que o Guardião tanto estimava era um Botão de Transporte - declarou Draco - penso que no momento em que percebeu que a Lenny o tinha percebido, a sua missão acabou. Foi por isso que se foi embora tão facilmente.
-Sabias que era um botão de transporte? - questionou Ginny.
Agora que pensava nisso... Lenny tivera essa sensação... mas fora rebaixada pelo fogo nos olhos do guardião.
-Sim, mas... o que fazemos nós aqui?
-À procura do Abominável Homem das Neves? - sorriu George e todos sorriram também.
-Cala-te, George, já tive que lutar com um yeti no túnel... - alegou Harry. Riram-se. Porém os risos depressa se desvaneceram quando a gruta começou a estremecer e uma avalanche de gelo avançou sobre eles.
-Depressa, o rio! - gritou alguém, e o último som que se ouviu foi o chapinhar da água quando perfuraram o rio gelado e puro. Depois, instalou-se o silêncio, acompanhado por montanhas de neve e gelo impenetráveis.
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