Caminharam por entre as árvores o que pareceram horas. Cada um tinha os ouvidos à escuta e ocasionalmente punham a mão dentro do manto para se certificarem que tinham a sua varinha. Seguiram sempre a agulha da bússola, e à medida que iam penetrando na floresta, as árvores ficavam mais cerradas e a luz solar diminuía. Os pássaros cantavam melodias estranhas e assustadoras, ao longe ouvia-se o restolhar das folhas, o vento a soprar...
De repente, dezenas de pássaros fantasmagóricos e resultantes de uma mistura entre corvo e águia deslizaram das árvores em voo picado. A cabeça era preta como a de um corvo, com olhos pretos cor do carvão, mas o bico e o resto do corpo eram de águia: bico e garras afiadas e penas castanhas.
-Atordoar! - gritaram Harry e Hermione ao mesmo tempo. Os outros apressaram-se a imitá-los e vários pássaros caíram ao chão, mas após uma breve hesitação os restantes investiram sobre eles.
-Atordoar! - gritaram Harry e Hermione ao mesmo tempo. Os outros apressaram-se a imitá-los e vários pássaros caíram ao chão, mas após uma breve hesitação os restantes investiram sobre eles.
-Lenny! - gritou Draco, situado perto de uma árvore a lutar contra meia dúzia de pássaros, e Lenny sentiu o bico afiado de um deles rasgar-lhe o manto na parte direita da sua cintura, que por pouco não lhe perfurou a pele.
Feitiços de cor vermelha trespassaram a floresta e ofuscaram a pouca luz solar. Os corvos-águia grasnavam e atacavam sem piedade, mas os feitiços de atordoar faziam-nos cair no chão da floresta. A pouco e pouco, todos os pássaros desapareceram.
-Estão todos bem? - perguntou Lenny, olhando em redor. Os outros assentiram, mas George tinha um profundo arranhão na bochecha esquerda, Fred tinha penas no cabelo, Ron estava a sangrar do lábio, Harry tinha os óculos tortos, Hermione a manga esquerda do manto dos Gryffindor rasgada, Ginny um corte no joelho e Draco... Draco desaparecera.
-Draco! - gritou Lenny, sendo invadida por uma onda de raiva e tristeza.
-Onde é que aquele tipo se meteu? - resmoneou Ron. Lenny foi até à árvore donde avistara Draco pela última vez. Subitamente, a terra desabou em redor dos seus pés e Lenny deu por si a cair, sem no entanto conseguir gritar, como se tivesse perdido a voz. Aterrou nalgo que não parecia terra: não havia luz. Lenny apalpou o chão: era frio, talvez de tijolo ou pedra. Continuava sem conseguir falar, mas ouvia as vozes dos amigos lá em cima, chamando por ela. Agarrou na varinha e tentou pronunciar um encantamento, mas a língua enrolou-se e ficou-lhe presa. Era o Feitiço da Língua Atada. Concentrou-se e conseguiu realizar, pela primeira vez, um feitiço não-verbal, que Flitwick lhes havia ensinado uns dias antes. Lumos, pensou e um jato de luz azul saiu da sua varinha e percorreu o ar a toda a velocidade, explodindo lá em cima.
-Lenny! - a cara de Harry apareceu-lhe lá de cima - espera aí por nós. Vamos descer.
Lenny assentiu e desviou-se para o lado e sentiu que a sua voz regressara: o feitiço que a havia feito perder a fala era anulado assim que descobrissem onde ela se havia metido. A voz de Draco deveria ter regressado também, mas Lenny não o ouvia.
Lenny assentiu e desviou-se para o lado e sentiu que a sua voz regressara: o feitiço que a havia feito perder a fala era anulado assim que descobrissem onde ela se havia metido. A voz de Draco deveria ter regressado também, mas Lenny não o ouvia.
George foi o último a aterrar e Lenny viu que as suas caras estavam livres de arranhões, penas, sangue e Harry já não tinha os óculos tortos.
-Reparo - proferiu Ginny e o corte na cintura de Lenny desapareceu.
-Obrigada -disse ela em voz sumida, olhando em redor através da luz proveniente da sua varinha. Os outros acenderam também as suas e Lenny arregalou os olhos. Estavam na mesma sala de tijolo com várias portas de madeira fechadas que a rapariga vira no sonho em que ouvira o pai dizer que deveria procurar onde não podia entrar, só que desta vez o teto não era aberto, era terra.
-É a mesma sala que vi no meu sonho - comunicou Lenny.
-Por onde será que o Draco terá ido? - perguntou Ginny.
-Não fui a lado nenhum - sussurrou uma voz sumida - estou aqui.
Apontaram todos as varinhas para o local de onde vinha a voz: a um canto, Draco encontrava-se sentado, mais pálido do que nunca, com arranhões no corpo e marcas de garras na bochecha direita.
Apontaram todos as varinhas para o local de onde vinha a voz: a um canto, Draco encontrava-se sentado, mais pálido do que nunca, com arranhões no corpo e marcas de garras na bochecha direita.
-Reparo - disse Lenny e as marcas e os arranhões desapareceram - o que aconteceu?
-Fiquei com a língua presa, não conseguia falar. Só agora me apercebi que já conseguia - confessou ele, levantando-se.
-Sim, também me aconteceu - admitiu Lenny - desfez-se quando eles me encontraram.
-Não há tempo a perder - interrompeu Harry - Lenny, a bússola.
Lenny abriu-a de novo e a agulha voltou a girar. Lentamente, as portas de madeira foram-se desvanecendo, até restarem unicamente duas. A agulha parou no meio delas, sem conseguir escolher.
-É obviamente um feitiço Confundus - observou Hermione - que está a confundir a tua bússola. Uma das portas leva aos teus pais, a outra... provavelmente à morte.
-E não sabes como desfazer esse feitiço? - interpelou Ron. Hermione enrubesceu e olhou para o chão.
-Temos de nos decidir - afirmou Lenny - mas acho que só eu deverei continuar.
-O quê? - questionaram os outros.
-Não quero conduzir-vos à morte! - disse ela, agastada.
-E é para isso que eu sirvo - proferiu uma voz cristalina e aguda. A sala iluminou-se magicamente, transmitindo uma luz amarelada, e da parede surgiu uma mulher de meia idade vestida com trajes medievais, mas era cinzenta e flutuava. Um fantasma.
-Quem é a senhora? - perguntou Harry.
-A Guardiã dos Portais - a mulher-fantasma apontou para as duas portas de madeira atrás de si.
-E como é que nos pode ajudar? - interrogou Ron.
-Lançar-vos-ei um enigma. Se o conseguirem resolver, o feitiço Confundus lançado à vossa bússola será desfeito e ela poderá escolher a porta correta. Se errarem na resposta do enigma, o feitiço não será anulado e restará apenas a porta errada...
-Resumindo, se errarmos, morremos - concluiu George. A mulher-fantasma assentiu com a cabeça.
-E se não quisermos ouvir o enigma? - perguntou Ginny.
-Terão cinquenta por cento de hipóteses de sobreviverem - respondeu-lhes a mulher-fantasma com um breve sorriso - mas e então, aceitam?
Olharam todos para Lenny a encorajá-la.
-Sim - acedeu ela, mas o receio começava a apoderar-se dela. E se errassem?
-Muito bem. Ouçam com atenção - a mulher-fantasma flutuou duas vezes em volta deles e depois disse:
-Quem é a senhora? - perguntou Harry.
-A Guardiã dos Portais - a mulher-fantasma apontou para as duas portas de madeira atrás de si.
-E como é que nos pode ajudar? - interrogou Ron.
-Lançar-vos-ei um enigma. Se o conseguirem resolver, o feitiço Confundus lançado à vossa bússola será desfeito e ela poderá escolher a porta correta. Se errarem na resposta do enigma, o feitiço não será anulado e restará apenas a porta errada...
-Resumindo, se errarmos, morremos - concluiu George. A mulher-fantasma assentiu com a cabeça.
-E se não quisermos ouvir o enigma? - perguntou Ginny.
-Terão cinquenta por cento de hipóteses de sobreviverem - respondeu-lhes a mulher-fantasma com um breve sorriso - mas e então, aceitam?
Olharam todos para Lenny a encorajá-la.
-Sim - acedeu ela, mas o receio começava a apoderar-se dela. E se errassem?
-Muito bem. Ouçam com atenção - a mulher-fantasma flutuou duas vezes em volta deles e depois disse:
Este enigma levar-vos-á à sobrevivência ou à morte,
Pensem bem, meus meninos, a união é forte
As portas parecem iguais mas não o são
A diferença está no olhar, na ilusão
Nem tudo o que parece é
Não compliquem as coisas, o que é fácil, fácil é
-Só isso? - interpelou Draco, pois a mulher-fantasma calou-se - mas...
-Isso parece mais um texto de psicologia - confessou Fred.
-Nem tudo o que parece é... - matutou Hermione.
-Não podemos complicar as coisas - lembrou Ginny - os enigmas parecem sempre difíceis, mas isso podem ser apenas manias da nossa cabeça... se soubermos pensar, encontramos a resposta.
-Estás a esquecer-te de um pequeno pormenor, maninha - resmungou George - ninguém aqui é dos Ravenclaw.
Lenny aproximou-se das portas. Pareciam iguaizinhas... mas a diferença estava no olhar...na ilusão...
-Uma ilusão! - exclamou ela - é uma ilusão de ótica, malta!
-Hã? - estranharam os gémeos e Ron.
-A Lenny tem razão... - confidenciou Hermione - tudo depende do sítio de onde vemos as portas... olhámo-las sempre de frente, mas...
-Se nos pusermos de lado... - completou Ginny e moveu-se para o lado direito das portas. Depois fez uma careta - nada...
-A união é forte - avisou Draco.
-É isso! - concordou Harry - pessoal, formem uma linha todos juntos ao pé da Ginny.
Assim fizeram e assim que os ombros de todos se tocaram, a mulher-fantasma sorriu.
-Muito bem, meninos. Conseguiram. O feitiço Confundus foi quebrado. Eu disse-vos que era fácil. Basta unirem-se e pensarem. São os segredos da vitória.
E com isto desvaneceu-se no ar, em milhões de pós prateados que ao tocarem no chão de tijolo da sala desapareceram também. Lenny abriu a bússola e a agulha girou. Desta vez, a seta apontou para a porta mais à direita.
-Prontos? - perguntou ela.
-Sempre - responderam os outros.
-Alohomora - Lenny apontou a varinha à fechadura da porta e esta abriu-se como por magia. Um túnel de pedra estendia-se até virar numa curva e eles caminharam em frente, prosseguindo a jornada.
Assim fizeram e assim que os ombros de todos se tocaram, a mulher-fantasma sorriu.
-Muito bem, meninos. Conseguiram. O feitiço Confundus foi quebrado. Eu disse-vos que era fácil. Basta unirem-se e pensarem. São os segredos da vitória.
E com isto desvaneceu-se no ar, em milhões de pós prateados que ao tocarem no chão de tijolo da sala desapareceram também. Lenny abriu a bússola e a agulha girou. Desta vez, a seta apontou para a porta mais à direita.
-Prontos? - perguntou ela.
-Sempre - responderam os outros.
-Alohomora - Lenny apontou a varinha à fechadura da porta e esta abriu-se como por magia. Um túnel de pedra estendia-se até virar numa curva e eles caminharam em frente, prosseguindo a jornada.
